01/02/2009

AS ARMAS DO CRISTÃO

INTRODUÇÃO
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; Efésios 6:13-17
A ARMADURA
O cinturão da verdade é a sustentação da armadura. Jesus é verdade. O compromisso com Ele e com a sua Palavra é o que sustenta a armadura. Esse compromisso com a Verdade não é apenas uma espécie de assentimento, de concordância intelectual. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver. Esse é o ponto de partida das batalhas.

A couraça da justiça é forma de nos protegermos no nosso relacionamento com Deus. Para a vestir, necessitamos de retirar a nossa própria couraça “a justiça própria”, as nossa boas obras feitas para agradar a Deus e d`Ele receber favores. A nossa couraça não nos pode proteger, mas a couraça da justiça de Deus sim! Quando pela fé compreendemos que afinal estamos tão longe de Deus, compreendemos também a nossa impossibilidade de controlar a nossa vida e decidimos confiar em Jesus, aceitamos que Ele nos apresente ao Pai “porque sem mim nada poder fazer” (João 15:6).

Com o poder do Pai e a graça de Jesus, podemos enfrentar qualquer batalha, seja ela contra os nossos próprios hábitos, vícios, fraquezas ou contra o nosso inimigo comum; Satanás.
As sandálias do evangelho da paz. As sandálias do soldado romano eram de couro. Na armadura de Deus as sandálias são de paz. O evangelho da paz são as boas notícias de que Deus, através de Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo. Assim podemos ter paz com Ele e paz com os nossos irmãos e companheiros de batalha. Não podemos sair para a batalha descalços, a olhar para o chão. Apressamo-nos a calçar as sandálias do evangelho da paz. Primeiro, paz com Deus. Depois, paz com a criação de Deus. Então, de cabeça erguida, poderemos enfrentar o combate.
Nenhum soldado romano iria para a guerra sem o seu escudo. Nenhum cristão deve encarar a luta espiritual sem o seu escudo da fé. Usar o escudo da fé não é ser ingénuo. A fé bíblica não é irracional, mas está apoiada no carácter e nas promessas de Deus; Não é ser auto-confiante. A autoconfiança não suporta a dureza da batalha. Também não se parece com auto-suficiência, (reinado do EU). Precisamos usar o escudo da fé e cultivar a confiança prática, no carácter do Deus Criador do Universo. Ele nos protegerá contra as flechas incendiárias que o inimigo lança sobre nós sempre que uma dificuldade aparece.

O capacete da salvação é feito da esperança que há em Cristo Jesus. O seu principal componente é a convicção na suficiência da cruz para nos levar de volta ao Pai. Quando olhamos para cruz, a nossa mente fica protegida das ciladas astutas do inimigo. Quando olhamos para a cruz, somos protegidos do egoísmo; quando olhamos para a cruz, a avareza não faz sentido. Quando a cruz de Cristo se clara na nossa vida, discernimos por onde o inimigo nos pode atacar. Ele normalmente procura atingir a nossa mente, e para tanto necessita de entrar por uma porta. Estas são os sentidos; a visão, o paladar, o ouvir, o tacto e o olfacto. Por uma destas portas ele entra na mente ou seja no lóbulo frontal, onde se situam as percepções, a sensibilidade, a inteligência, a vigilância. Satanás para entrar procura enfraquecer ou tornar insensíveis e assim desprotegidos podemos ser derrotados, quase sem nos darmos conta. O capacete da Salvação, podemos ir para as batalhas com a certeza de que resistiremos aos ataques do inimigo no dia mau, venceremos tudo e permaneceremos inabaláveis.

A Espada do Espírito
Chegamos a ultima peça da armadura. Agora, completamos a armadura, que Deus nos deu para enfrentarmos a luta espiritual, na qual todos estamos envolvidos: A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.

Quando o apóstolo Paulo escreveu esta carta aos cristãos da cidade de Éfeso e falou sobre a armadura de Deus, ele tinha em mente os mais modernos equipamentos de guerra que um soldado poderia ter. Por isso, não poderia faltar a melhor espada que existe, a Palavra de Deus.
A armadura de Deus não foi dada para atacar o inimigo, mas para nos defendermos dele. Paulo afirma que a armadura é para que possamos resistir no dia mau. Cada peça é usada para defesa. A espada do espírito também deve ser usada como arma de defesa contra as estratégias de destruição engendradas por principados e potestades.

Infelizmente, muitas pessoas não usam a espada do Espírito de acordo com a estratégia de Deus, mas por conta própria; usam não para se proteger, mas para atacar inimigos pessoais. Com a espada do Espírito pessoas são controladas, dominadas e humilhadas, culturas inteiras são aniquiladas, acusações mútuas são feitas e igrejas são despedaçadas. Por incrível que pareça, a espada do Espírito tem sido usada em disputas internas para ferir companheiros de batalha. Quem usa a palavra com esse propósito, esquece-se de quem é o verdadeiro inimigo.

Os soldados romanos destacavam-se pela sua habilidade em combater. Normalmente passavam quatro difíceis meses de treino. Devia aprender com maestria dominar o escudo, a manusear a sua espada. Eles treinavam-se com escudos que pesavam o dobro do escudo da batalha e com pesadas espadas de madeira que faziam com que as armas de guerra parecessem muito leves. Depois de treinado, o soldado recebia a sua espada.

Mas o legionário romano não recebia a espada de presente. Na verdade, do seu solário ele pagava a roupa que vestia, a tenda em que morava e pelas as armas. Percénio, líder de um motim contra o imperador Tibério no ano 14 d.C, relatou que além disso o soldado ainda tinha que “untar as mãos” aos superiores para se livrarem de outros encargos muito pesados.

Na armadura de Deus, a espada não é propriedade do soldado; ela pertence ao Espírito de Deus e é usada como Ele quer. O profeta Isaías escreve o seguinte:
“Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” Isaías 55:11

Esse entendimento é muito importante. Quando somos confrontados com a Palavra de Deus, não devemos usá-la como cremos, adaptá-la aos nossos interesses. A espada do Espírito será a nossa protecção na luta espiritual, se permitirmos que ela cumpra os propósitos de Deus na nossa vida. Deixe que ela fale ao seu coração.

A palavra nos é entregue graciosamente pela inspiração do Espírito Santo de Deus e o próprio Jesus afirmou que é o Espírito quem nos ensina e nos faz lembrar a palavra em meio das batalhas.

Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. João 14:26
Não há simulação, não há trocas, não há favores. Não há vida cristã sem a intervenção do Espírito de Deus no seu e no meu dia-a-dia através da Palavra. Podemos receber a espada do Espírito para nossa protecção e essa protecção se torna real quando o Espírito de Deus tem liberdade para nos ensinar a Palavra e quando estamos atentos para ouvir a Sua voz no meio da batalha.
Protegidos contra o quê?

Não é demais lembrar novamente o epicentro da batalha espiritual em que estamos envolvidos.
Principados e potestades têm trabalhado arduamente por milénios para que o Senhor não receba a glória e o reconhecimento que lhe são devidos. Por isso, a actuação dessas forças espirituais rebeldes é voltada para desacreditar e enxovalhar o carácter de Deus diante da sua criação.
Foi assim no Éden. A serpente plantou no coração do primeiro casal a dúvida a respeito da bondade de Deus e do interesse Dele pelo bem-estar da sua criação. Com um breve argumento, Lúcifer introduziu no coração deles a dúvida que os induziram a tomar uma decisão (entrou por quantas portas o ser humano tem) e conseguiu que o ser humano criado à semelhança do Seu Criador, nada lhes, faltava, a não ser, a prova da fidelidade, para serem seres acabados. Num ataque tão subtil: voltaram as costas para Deus.

A acção da serpente foi rápida e certeira. O seu objectivo era claro: não permitir que o primeiro casal aprendesse a conhecer plenamente o carácter de Deus.

Principados e potestades sabem que quando o ser humano conhece o carácter do Deus eterno (o seu poder, a sua bondade, o seu amor, a sua justiça e a sua misericórdia), e quando os nossos pecados e limitações são revelados diante de nós, a atitude é mesma para todos: prostrar-se diante do Senhor com temor e o coração cheio de gratidão.

Na armadura de Deus, a espada do Espírito protege-nos no meio da luta espiritual porque ela testemunha sobre a natureza de Deus. É pelas Escrituras que conhecemos o carácter de Deus. Quando lemos as histórias de homens e mulheres comuns e a maneira como eles viveram as suas caminhadas de fé em direcção ao coração de Deus, podemos aprender sobre quem é o Deus a quem adoramos.

As histórias de Abraão, Isaque, Jacob, José, Moisés, Josué, David, Ester, Jeremias, Isaías, Rute, Noé, Oséias, Raabe, Daniel, João Baptista, Pedro, Paulo, Lídia, Onésimo, Lucas e tantos outros não são apenas belas histórias, elas forma registadas para que nós possamos compreender melhor quem é o Deus a quem adoramos.

Jesus apresenta isso em forma de um conselho firme e sábio:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; João 5:39
O conhecimento crescente de Deus nos torna mais íntimos d´Ele e isso faz nascer em nós a confiança que nos leva a amá-l`O e nos deixa protegidos contra os falsos argumentos do inimigo.
Na armadura de Deus, a espada protege-nos na luta espiritual, porque ela revela quem realmente somos. Essa é outra área em que todos enfrentamos grandes lutas.

A negação de quem somos nos coloca numa armadilha terrível, por que o ponto de partida para as transformações que Deus quer operar em nós é a nossa realidade. Deus quer nos transformar à imagem do seu Filho Jesus Cristo, mas esse processo começa com a admissão dos nossos pecados e limitações.

O Salmista diz: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno." Salmos 139:22-24

Mas é o escritor de Hebreus que esclarece como isso acontece: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."Hebreus 4:12

A espada do Espírito e o instrumento que Deus usa para nos livrar da ignorância de nós mesmos. É interessante que o escritor da carta aos Hebreu fez questão de ressaltar que a Palavra de Deus se parece com uma espada de dois gumes.

O gume é a parte cortante da espada. A maioria das facas que são usadas em casa tem apenas um gume. Mas a Palavra de Deus é tão poderosa para discernir a alma humana, tão simples e clara na apresentação de quem somos, que a sua eficácia é comparada a uma espada de dois gumes.

Hoje fala-se muito da saúde emocional. E não é por menos! Vivemos dias em que multidões estão presas em si mesmas. Escravos do medo, angústia, da ira, da falta de perdão, do orgulho, da ansiedade, das preocupações com o futuro e de tantos outras cadeias.

Milhões estão acorrentados à busca da perfeição pelo esforço próprio, da aceitação pelos méritos pessoais e de um modo de ver a vida que parece uma conta bancária como débitos e créditos de acordo com a boa acção de cada um.

Só a espada do Espírito pode libertar. Porque ela revela de forma confrontadora quem eu sou, mas apresenta-me a graça de Deus, que me acolhe como eu estou. Assim, a espada do Espírito protege-me de mim mesmo e guarda-me sob o amor e graça de Deus.

Como usar?
A bíblia não nos deixa sem instrução sobre como usar a espada do Espírito. O exemplo mais completo talvez seja com o próprio Jesus, quando foi tentado no deserto.
“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então o Diabo o levou ã cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.” Mateus 4:1-11

Mergulhado na Palavra. Perceba que a luta travada por Jesus não teve efeitos pirotécnicos nem foi transformada num espectáculo circense para toda a cidade. Jesus estava só e fragilizado no deserto. O bom soldado está sempre atento, mas quando estamos sós e nos sentido fracos, envolvidos nos nossos pensamentos, a atenção precisa ser redobrada e a espada do Espírito precisa estar desembainhada.

Jesus foi tentado quanto à sua confiança no suprimento de Deus. Foi provocado ao nível da confiança quanto ao amor e ao reconhecimento do Pai e por fim foi tentado a assumir o controlo da própria vida e virar as costas ao Pai em troca de poder.

A cada tentativa do inimigo de abalar a confiança de Jesus em Deus, ele respondia sacando a espada do Espírito, a Palavra de Deus. O Senhor Jesus tinha a sua mente mergulhada na palavra de Deus. Por isso, ele pode identificar cada tentação e responder à altura do argumento de Satanás.

Para usarmos com eficácia a espada do Espírito nossa mente precisa está cheia da Palavra. Nossa maneira de ver o mundo precisa está influenciada pela Palavra ao ponto de nos tornarmos aptos para discernir as ciladas do inimigo.

Confiante na Palavra. O Senhor não respondeu aos argumentos de Satanás com argumentos humanos. A frase era a mesma: “está escrito”. Os argumentos podem ser lógicos e agradáveis aos ouvidos, podem até parecer sensatos, mas... “está escrito” é outra coisa.

Jesus não fugiu ao confronto, pelo contrário, Ele foi conduzido pelo Espírito para esse momento. Mas, os argumentos sagazes do inimigo esfumava-se frente ao simples está escrito de Jesus. Mas isso revela o quanto Jesus amava e se submetia à Palavra de Deus.

A espada do Espírito precisa ser usada com submissão e obediência a Deus. “Está escrito”, disse Jesus. Quando a qualidade da própria espada é questionada, quando a sua eficácia passa a ser motivo de dúvida, ela deixa de ser útil para a luta espiritual.

CONCLUSÃO
Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo ensina que todos devemos manejar bem a espada do Espírito.
"Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." 2 Timóteo 2:15
Jesus conhecia o poder da Palavra de Deus. Ele o havia experimentado em sua própria vida. Por isso, ao orar pelos seus discípulos, Ele pediu ao Pai: "Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade." João 17:17

Se a espada do espírito for abandonada, você vai sofrer duros golpes durante a batalha; Por isso não largue a sua espada por nada. Ela é a sua protecção.
Se a espada do espírito estiver enferrujada e cheia de poeira em cima da estante da sala, será derrotado, ou no mínimo, não a saberá usar conveniente; Por isso não perca tempo, pegue a espada, tire a poeira, limpe a ferrugem e comece a praticar.

Nenhum soldado pode contar exclusivamente com a espada do outro no calor da batalha. A Palavra precisa ser aplicada por si e para a sua vida. É bom conhecer a experiência dos outros, mas nada substitui a nossa própria experiência na luta espiritual.
“ Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; Efésios 6:13-17