11/04/2011

“ACASALAMENTO” ENTRE PAGÃO E CRISTÃO

Irineu
Ontem à noite recebi um telefonema de uma pessoa que não vejo há muitos anos. Fui o seu pastor, baptizei-a no baptismo de Jesus. O telefonema era para tratar um assunto específico, mas falámos durante 3 horas. É bom recordar o passado e as experiencias lindas nele vividas, foi o que fizemos.
Às tantas, falámos da Igreja Católica Romana – devo dizer que esta pessoa é muito bem formada e informada – e concluímos; sendo verdade que no seio desta Igreja tem surgido homens e mulheres de uma grandeza moral, espiritual e despojamento simplesmente sublime. O conjunto de dogmas e a adulteração das doutrinas bíblicas são do mais abominável que se possa fazer. E tudo começou assim.
Nos primeiros 20-30 anos do Cristianismo, a mensagem era transmitida basicamente pela palavra falada. Porém, há notícias de terem circulado textos de teor catequético. Aí pela metade do primeiro século, portanto, uns 20 anos depois de Cristo subir ao Céu, os Cristãos começaram a escrever. Primeiro foram as Epístolas (Cartas) e depois os Evangelhos, no final do 1º século o livro do Apocalipse, formando-se assim os 27 livros do Novo Testamento.
No último quartel desse século, apareceram vários escritores, os chamados “Pais Apostólicos”. O nome foi devido ao facto deles terem contactado com os Apóstolos. Chamaram-lhes “Pais”, por serem os primeiros escritores do Cristianismo, logo a seguir aos livros do Novo Testamento.
Estes “escritores” acentuavam a vida de ligação a Cristo e aos Irmãos.
No segundo século, foram os “Apologetas”, escritores que defenderam o Cristianismo contra as ideias erradas dos pagãos. Ficaram célebres Justino e Ireneu . Mas houve outros, que são muito conhecidos na literatura cristã… Estes homens já contactavam com os filósofos e os pensadores de então. E daí em diante, a Igreja nunca deixou de captar e de assimilar os saberes de cada tempo, e integrá-los nos seus rituais.
No séc. III, o caudal de escritores e escritos já era grande. Destacaram-se personagens como: Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano, Arnóbio, Lactâncio… Os temas eram cristãos, mas o espírito de reflexão estava nas melhores linhas do saber de então. Estes e outros pensadores foram assim assimilando os saberes gregos. Começou o acasalamento da racionalidade grego com o espírito do Evangelho. O que podia tal “casamento” produzir?