09/08/2011

IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV

Os anabatistas dos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos dos anabatistas primitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido. Vimos que na primeira geração de anabatistas havia quatro grandes correntes, que ia desde o Oriente Médio até a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas correntes (os paulicianos) fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão estudados neste capítulo.

Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode ser bem maior, mas me falta conhecimento para integrá-los aos demais. Não é nossa idéia trabalhar com hipóteses. Trabalhamos com declarações e documentos de estudiosos no assunto de história das igrejas. Por isso consideraremos apenas dois grupos como autênticos anabatistas. São eles: Os albingenses e os Valdenses. A história de amor pela palavra de Deus, e a perseguição que sofreram decorrente deste amor, é uma das histórias mais lindas e tristes que já li.

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO ALBIGENSES
Após os quatro grupos primitivos de anabatistas os albigenses é o primeiro a se destacar como seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados a se refugiar na região dos Pirineus, sul da Franca. Também os paulicianos a partir do século XI se fixaram nestes lugares. Foi exatamente assim que Deus guardou sua igreja pura e viva, para descobri-la novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhos nomes morreram, mas a fé permaneceu a mesma. A doutrina também não mudou. Também não mudou o costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eram identificados como seus antecessores, ou seja, ?anabatistas?.

A Origem dos Albigenses.
Alguns historiadores traçam a origem dos albigenses como tendo provindo dos paulicianos (Enc. Brit. I pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sul da França desde os primeiros dias do cristianismo. Este apelido não provém do nome de um pastor famoso, como por exemplo os novacianos. É um apelido proveniente do lugar onde os anabatistas se encontravam. Albi era uma cidade no distrito de albigeois, no sul da França.

Após a perseguição desencadeada por Roma e Constantinopla sobre os montanistas, novacianos e donatistas, estes três grupos, sem exceção, ficaram impedidos de pregar nas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder papal. A prática de rabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto de conseguir a sobrevivência da fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram esconder-se nos Alpes e nos Pirineus. Ao chegarem nestes lugares perderam o antigo apelido e foram conhecidos por outros apelidos: ALBIGENSES - pelo lugar onde se refugiaram; CÁTAROS - Devido a pureza de vida que levavam; HOMENS BONS - Pela inegável integridade desses crentes; e ANABATISTAS - por rebatizarem os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo.

Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refugio - como foi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio - a saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmente diferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas montanhas, uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas neste lugar fez o dr. Allix calcular o seu número em três milhões e duzentos mil pessoas só nos Pirineus. (O batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso saber como Deus guardou os anabatistas por tantos séculos e depois ajuntou-os num mesmo lugar. É maravilhoso saber que a podridão do catolicismo não conseguiu penetrar nessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.

Perseguição contra os albigenses
Qualquer pessoa pode por si mesma fazer um estudo minucioso sobre as atrocidades cometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um século contra esse grupo de anabatistas pode ser lido em qualquer biblioteca de uma simples escola pública. Basta pegar uma enciclopédia e abrir na página de Inocencio III. Este papa católico foi um dos muitos que mataram friamente anabatistas por mais de mil e trezentos anos. Só que as atrocidades deste papa foram todas registradas e não podem ser escondidas da sociedade. Para a igreja católica ele é um santo. Para mim o mais usado por Satanás de seu tempo.

O Papa Inocencio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de albi o que foi chamada de ?a quarta cruzada?. A chacina, iniciada em fins do século XII, iria se prolongar até meados do século XIII. Centenas de milhares de albigenses - também chamados de cátaros e bons homens, foram cruelmente assassinados pelo mandato papal. Houve em 1167 na cidade de Toulouse o chamado ?concílio albigense?. Assunto: Tratar simplesmente dos hereges anabatistas que lá viviam. O resultado desse concílio foi a quarta cruzada posta em vigor pelo papa Inocencio III. Em 22 de Julho de 1209, quase toda a população de Béziers foi massacrada. O papa Inocencio e seus sucessores, em nome de Deus, matava anabatistas como se mata porcos. Alguns albigenses que conseguiram se refugiar em Montségur (foram estes os últimos albigenses anabatistas a assim serem chamados), conseguiram sobreviver até o ano de 1244. O escritor Nicolas Poulain assim descreveu o seu fim:

` A 16 de Marco de 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente... impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda é conhecido como o ?campo dos queimados?; ali se erigiu uma funerária.