15/01/2012

A GRAÇA DIVINA NA VIDA DO PECADOR IMPENITENTE

Texto bíblico: Génesis 4:1-16

1. Existem pessoas que não reconhecem a graça de Deus no Antigo Testamento.
2. Há quem declare que a graça se manifestou apenas no Novo Testamento.
3. Outros defendem que no Antigo Testamento Deus impunha uma religião legalista, sem misericórdia, sem amor e sem compaixão.
4. Por fim, os que não admitem a comiseração de Deus – sentimento de piedade pela infelicidade de outrem – no Antigo Testamento.

I. Uma Oferta a Jeová.
“O Senhor dera a Caim e Abel instruções relacionadas com o sacrifício que deveriam trazer-Lhe. Abel, guardador de ovelhas, obedeceu à ordem do Senhor e trouxe um cordeiro como oferta. Esse cordeiro, ao ser morto, representava o Cordeiro de Deus, que seria morto pelos pecados do mundo. Caim trouxe como oferta o fruto da terra, a sua própria produção. Não estava disposto a depender de Abel quanto a uma oferta. Não lhe pediria um cordeiro. Pensou nas suas próprias obras perfeitas, e estas apresentou a Deus. ...” Cristo Triunfante, 2002, p.35 (Meditações)

1. Deus pediu uma oferta e especificou. Só não é dito se eles construíram um altar. No entanto, o sacrifício seguinte que é referido refere um altar (Gén. 8:20).
2. O sistema de ofertas e sacrifícios foi introduzido por Deus quando o homem foi expulso do Jardim (E.G.White, PP. 54-58).
3. vs. 3-4. Revelam que Caim sabia que estava a fazer mal ao apresentar uma oferta que Deus não pediu. Ele foi instruído que o sangue representava o sangue do Filho de Deus que seria derramado pela expiação dos pecados.
4. Ao seguir a orientação divina de sacrificar um cordeiro pelos seus pecados, ele teria mostrado lealdade a Deus, autor do sistema de sacrifícios, teria expressado fé no plano da redenção: Heb. 11:4.
5. Caim reconheceu parcialmente os direitos de Deus sobre ele. Há em primeiro lugar uma revolta contra o pedido de Deus. Há uma recusa de reconhecer-se como pecador e necessitado de um Salvador.
6. A sua oferta não representava penitência pelo pecado: Heb. 9:22.
7. Caim reconhecia a existência de Deus e o Seu poder para dar ou para reter as bênçãos terrenas. Sentia que era proveitoso viver em boa relação com a Divindade. Considerou que esta oferta era suficiente para apaziguar a ira de Deus. Que tipo de carácter tinha desenvolvido Caim?

II. O Carácter de Caim: “…mas Caim e a sua oferta” (Génesis 4:5)
1. Prepotente: Vemos como Caim se vê, vê o seu irmão e como vê Deus.
2. O sacrifício não é aceite por Deus, sente o orgulho ferido e a sua arrogância transparece. Caim percebeu a ausência de um sinal visível do agrado de Deus e da aceitação da sua oferta.
3. “Pelo que irou-se Caim fortemente,” pode dizer-se “ira = arder”. Sentiu um poderoso ressentimento contra o seu irmão e para com Deus.
4. A conduta de Caim exemplifica o pecador impenitente cujo o coração não é subjugado. Quando percebe que não é aceite, torna-se ainda mais rebelde. Caim não ocultou os seus sentimentos. O seu semblante “descaiu-lhe”. Frustração, desagrado e ira.
5. Presunçoso: Presunção é o acto de supor algo, pretensioso. Caim ouviu a orientação de Deus (Génesis 4:6-7) e sem dizer uma palavra saiu com a pretensão de cometer fratricídio (Génesis 4:8). Assassinou o seu inocente irmão.
6. Displicente: Pessoa que revela desinteresse. Deus conversa com Caim duas vezes. A primeira para orientá-lo antes de cometer matar o seu irmão (Génesis 4:6-7), ele nada respondeu. A segunda para convidá-lo à reflexão depois de derramar sangue inocente (Génesis 4:9), ele revela desinteresse por Deus.
7. Incorrigível: Alguém que não se sujeita a correcção, embora seja para seu bem. Caim questiona Deus pelas consequências de seu próprio pecado, insinuando que Deus é injusto.
III. O Carácter de Deus: como Deus vê Caim.
1. Compaixão: Deus vê Caim triste e compadece-se dele (Génesis 4:6-7).
* “Então Deus perguntou a Caim: Porque te iraste? Quem fala é Deus (ver vs. 14-16). Deus continua a aproximar-se pessoalmente dos homens depois de terem sido expulsos do Jardim.
2. Bondade: Depois que Caim mata o irmão, Deus ainda se aproxima dele com bondade, fazendo uma pergunta que certamente Caim sabia a resposta (Génesis 4:9).
* A recusa da oferta por Deus, não significa necessariamente a recusa de Caim. Deus, com compaixão, (misericórdia e paciência), estava pronto a dar-lhe outra oportunidade.
* Apesar de lhe mostrar o desagrado ao recusar a oferta, apresenta-se diante do pecador para falar, aprofundar as razões, para persuadir do erro do seu proceder.
* Deus falou a Caim como a um menino caprichoso, na intenção de o ajudar a compreender a verdadeira motivação que assaltava o seu coração como um animal feroz.
3. Amor/Disciplina: “Que fizeste?” Não tendo tido resultados no trato suave, Deus procedeu de forma directa; fazendo compreender Caim o crime que tinha cometido. “Que fizeste?” implica que Caim tinha plena consciência do seu acto.
* Abel é um tipo de Cristo. Também Jesus, ao vir ao mundo como “parente” da humanidade, foi recusado e morto pelos seus irmãos. (v.10)
Deus faz cair o castigo maior sobre a terra e não sobre Caim (Génesis 4:10-12). Caim continua com vida e saúde por muitos anos!
4. Graça: Deus não elimina Caim, embora o salário do pecado seja a morte: o do Cordeiro ou de quem não aceitou o Cordeiro. Embora Deus revelasse justiça se tirasse a vida de Caim para não perpetuar suas características, Ele coloca um sinal de protecção “para que não o ferisse quem quer que o encontrasse” (Génesis 4:15). Caim saiu ingrato da presente graça de Deus a fim de seguir sua própria vida de pecado!

Conclusão:
1. Deus ama mesmo aqueles que não merecem ser amados. Ter uma audiência com Deus, estar em Sua presença e sentir Seu amor nem sempre resulta numa transformação de vida.
2. Deus protege mesmo aqueles que O ignoram. A protecção de Deus é incondicional, mas nem sempre é reconhecida.
3. Deus aconselha mesmo aqueles que O desprezam. Os conselhos de Deus são bons, mas nem sempre são considerados.
4. Deus oferece Sua preciosa graça mesmo sabendo que o beneficiado O rejeitará. A graça de Deus é infinita, mas não irresistível.