23/05/2012

AS IMAGENS DE MARIA E O SEGUNDO MANDAMENTO


“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não re encurvarás a elas nem as servirás” (Êxodo 20.4-5).
“Não farás para ti” – Entende-se a posse do objeto quando destinado ao culto, à homenagem, à prece, à veneração. Deus não condena as obras de arte, escultura ou pintura de valor histórico e cultural.
“Nem alguma semelhança do que há em cima nos céus” – Não encontramos diferenças relevantes de tradução nas versões consultadas. A proibição não alcança apenas as imagens dos deuses, mas diz respeito, também, ao que existe nos céus: A Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo), os anjos e os salvos em Cristo. Logo, estátuas de Jesus, dos santos apóstolos, de Maria, e de quantos, pelo nosso julgamento, estejam no céu, não devem ser objeto de culto.
“Não te encurvarás a elas” - Deus proíbe qualquer atitude de reverência ou respeito, tais como inclinar respeitosamente o corpo ou ajoelhar-se diante das imagens; prostrar-se com o rosto no chão; tocá-las; beijá-las; levantar os braços em atitude de adoração; tirar o chapéu; ficar em pé diante delas em estado contemplativo. Enfim, Deus proíbe fazer qualquer gesto com o corpo que expresse admiração, contemplação, fé, devoção, homenagem, reverência.
“Não as servirás” - Não servi-las com flores, velas, cânticos, coroas, festas, procissões, lágrimas, alegria, rezas, vigílias, doações, homenagens, devoção, sacrifícios, incenso. Não lhes devotar fé, confiança, zelo, amor, cuidados. Não alimentar expectativas de receber delas amparo, curas e proteção. Não colocá-las em lugar de destaque, em redoma ou em lugares altos.
A Igreja de Roma reconhece a proibição, mas decide por não acatá-la, como adiante:
“O mandamento divino incluía a proibição de toda representação de Deus por mão do homem.
O Deuteronómio explica: “Uma vez que nenhuma forma vistes no dia em que o Senhor vos falou no Horebe, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo...”(Dt 4.15-16)... No entanto, desde o Antigo Testamento, Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à salvação por meio do Verbo encarnado, como são a serpente de bronze, a Arca da Aliança e os querubins.
Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que o sétimo Concílio ecuménico, em Niceia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Ao encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova “economia ”das imagens. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, “a honra prestada a uma imagem dirige-se ao modelo original, e quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada. A honra prestada às santas imagens é uma “veneração respeitosa”, e não uma adoração, que só compete a Deus. O culto às imagens sagradas está fundamentado no mistério da encarnação do Verbo de Deus. Não contraria o primeiro mandamento” (C.I.C. p. 560-562, # 2129-2132, 2141).
Analisando as explicações acima:
a) “O mandamento divino INCLUÍA a representação de toda representação de Deus por mãos do homem”.
O mandamento divino incluía. Não, o mandamento inclui, está vigente. A cruz não aboliu as Dez Palavras. As leis cerimoniais sim, foram abolidas. O Decálogo é, no varejo, o que Jesus disse no atacado: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”, e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.35-40;
Deuteronómio 6.5; 10.12; 30.6; Levítico 19.18). Num coração cheio do amor de Deus e do amor a Deus não há espaço para a adoração de pessoas ou de coisas. Em Mateus 5.17, Jesus afirma: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir" (ARC) ou: "Não pensem que eu vim acabar com a Lei e os ensinamentos dos profetas. Não vim acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo."
(BLH). A seguir Jesus exemplifica o novo sentido da lei: se pensar em matar, já pecou e
transgrediu a lei; se pensar em adulterar, já pecou.
b) “No entanto, Deus ordenou... a serpente de bronze, a Arca da Aliança, os
querubins”...
A Arca da Aliança e os querubins passaram. Eles faziam parte de cerimónias e símbolos
Instituídos por Deus, de acordo com a sua infinita sabedoria e soberana vontade, para melhor conduzir o povo na sua fé. Agora, vindo Cristo, temos “um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue...” (Hebreus 9.11).
A serpente de bronze - Este símbolo tão zelosamente defendido pela Igreja de Roma foi
um remédio específico para um mal específico numa situação especial (Números 21.7-9).
Agora, já não precisamos de figuras para nossos males físicos e espirituais. Como disse
João Ferreira de Almeida, “o poder vivificante da serpente de metal prefigura a morte sacrificial de Jesus Cristo, levantado que foi na cruz para dar vida a todos que para Ele olharem com fé”.
O próprio Jesus assim se manifestou: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.14-15). Deus não recomendou o culto, a homenagem ou a veneração à serpente. Por isso, o rei Ezequias, temente e reto aos olhos do Senhor, destruiu-a ao perceber que o povo lhe prestava culto (2 Reis 18.4). Ademais, não se vê em Atos dos Apóstolos qualquer indício de uso de figuras, ícones ou imagens destinados a facilitar a compreensão e conduzir os fiéis à salvação.
Com relação a símbolos e cerimónias do Antigo Testamento, devemos considerar que em Cristo estamos sob a égide de uma Nova Aliança ou Novo Testamento firmada no Seu sangue (1 Coríntios 11.25). Logo, “dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hebreus 8.13). Devemos observar que a ideia de fazer imagens e querubins foi de Deus, e não de Moisés. Com relação a nós, Deus proíbe terminantemente o uso de imagens. É Deus que nos proíbe, que nos condena.
Os querubins estavam no propiciatório - espécie de lâmina retangular de ouro - sobre a Arca da Aliança que era guardada no lugar santíssimo do Tabernáculo (Êxodo 25.17-22).O acesso a esse lugar, só uma vez por ano, era restrito ao Sumo Sacerdote (Êxodo 25.17-22; 40.13; Hebreus 9.7). Ao povo não era permitido ver os querubins ou adorá-los. Aos fiéis não foi permitido reproduzir as imagens da serpente e dos querubins para serem veneradas.
c) “... o sétimo Concílio ecuménico, em Nicéia (em 787), justificou... o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, “a honra prestada a uma imagem se dirige-se ao modelo original, e quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada. A honra prestada às santas imagens é uma “veneração respeitosa”, e não uma adoração, que só Não contraria o primeiro mandamento”.
Ora, se o mandamento proíbe o culto aos ídolos, então o culto aos ídolos é proibido.
Desculpem-me os leitores pelo óbvio. Portanto, o culto às imagens contraria o mandamento.
Se contraria, é pecado cultuá-las. O Concílio de Nicéia justificou, mas são justificativas de homens. A Palavra é o padrão. A tradição deverá ajustar-se à Palavra. A honra ao modelo original via imagem parte de uma premissa falsa, porque as imagens não são na sua grande maioria cópias fiéis dos originais, exemplos de Jesus, Maria, José e dos santos apóstolos.
Os traços físicos não foram revelados nem por fotografias nem por pinturas. Jeremias foi direto: “Suas imagens são mentira” (Jr 10.14).
d) “A honra prestada às santas imagens é uma “ veneração respeitosa”, e não uma adoração, que só compete a Deus”.
Venerar: “Tributar grande respeito a; render culto a, reverenciar”; Culto: “Adoração ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer religião”. Adorar:
“Render culto a (divindade); reverenciar, venerar, idolatrar” (Dicionário Aurélio). Como se vê, é muito ténue a linha entre honrar, venerar, adorar e prestar culto. Vejamos o que Deus afirma: “Eu sou o Senhor. Este é o meu nome. A minha glória a outrem não a darei, nem a minha honra às imagens de escultura” (Isaías 42.8). Na Bíblia Linguagem de Hoje: Eu sou o Deus Eterno: este é o meu nome, e não permito que as imagens recebam o louvor que somente eu mereço." Na Bíblia Ecuménica, católica: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome: eu não darei a outrem a minha glória, nem consentirei que se tribute aos ídolos o louvor que só a mim pertence”.
Dizer que o culto a Maria e à sua imagem esculpida é apenas uma veneração, não condiz com a realidade. Há um descompasso enorme entre o discurso e a prática. Não pode ser negado o que é público e notório. Maria é realmente adorada como Rainha dos Céus, Senhora, Padroeira, Protetora, Mãe dos Vivos, Mãe da Igreja, Mãe de Deus, etc. E isso constitui pecado.
Jesus disse e está escrito em Mateus 4.10: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás”.
E o primeiro mandamento diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20.3). Maria foi constituída a PROTETORA de Portugal e do mundo. Parece até que, para os romanistas, a evangelização via Maria se torna mais fácil do que pregando Cristo ressuscitado. Não foi essa a via utilizada pelos apóstolos nas primeiras pregações. Eles
não endeusavam os santos, mas apresentavam Jesus, o Santo dos santos, como o único
caminho.
Façamos de conta que o culto a Maria e à sua imagem esculpida é apenas uma respeitosa admiração. Ora, essa veneração manifesta-se de vários modos, por exemplo: as imagens de Maria são tocadas, beijadas, coroadas; levadas em procissão; diante delas os fiéis ajoelham-se, choram e (veja-se o caso de Fátima) fazem pedidos; imagens da santa, cópias ou originais, percorrem cidades e nações para serem homenageadas; são levantadas pelos sacerdotes no altar e os fiéis; são colocadas em redomas nas praças ou em grutas; em muitas casas as imagens são iluminadas continuamente; muitos trazem a imagem em pulseiras, colares, fitas, ou guardam-nas no ambiente de trabalho; ao passar pela imagem, muitos inclinam o corpo ou tiram o chapéu, etc. Pergunta-se o seguinte: se essas práticas não constituem adoração e idolatria, o que mais deveria ser feito, qual prática deveria ser adicionada às já existentes, o que os fiéis romanistas deveriam fazer além de tudo que fazem para então se configurar uma adoração e uma idolatria? O que mais deveriam fazer?
Outras referências:
“Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 26.1).
“No dia em que o Senhor vosso Deus falou convosco em Horebe, do meio do fogo, não vistes figura nenhuma. Portanto, guardai com diligência as vossas almas, para que não vos corrompais, fazendo um ídolo, UMA IMAGEM DE QUALQUER TIPO, FIGURA DE HOMEM OU DE MULHER...” (Deuteronómio 4.15-16).
“As imagens de escultura dos seus deuses queimarás no fogo. Não cobiçarás a prata nem o ouro que haja nelas, nem os tomarás para ti, para que não sejas iludido, pois É
ABOMINAÇÃO AO SENHOR, TEU DEUS” (Deuteronómio 7.25).
“As suas imagens de fundição são vento e nada” (Isaías 41.29b)
“Eu sou o SENHOR; este é o meu nome! A minha glória a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens de escultura” (Isaías 42.8)
“Todo homem se embruteceu e não tem ciência; envergonha-se todo fundidor da sua imagem de escultura, porque sua imagem fundida é mentira, e não há espírito nela” (Jeremias 10.14).
“Arrancarei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da OBRA DAS TUAS MÃOS” (Miqueias 5.13).
“Também está cheia de ídolos a sua terra; inclinaram-se perante a OBRA DAS SUAS MÃOS, diante daquilo que fabricaram os seus dedos” (Isaías 2.8).
“Nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar” (Isaías 45.20).
“Mas o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz. Os ídolos deles são prata e
ouro, OBRA DAS MÃOS DOS HOMENS. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. Tornem-se
semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles confiam” (Salmos 115.3-8).
“Eles trocam a verdade de Deus pela mentira e ADORAM E SERVEM O QUE DEUS CRIOU, em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, que deve ser louvado para sempre. Amém” (Romanos 1.25). Anjos e espíritos humanos são criaturas de Deus.
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 João 5.21).
A proibição divina abrange:
a) Qualquer coisa (estátua, imagem, ídolo, presépio) produzida por mãos humanas para ser objeto de veneração, adoração, culto ou louvor.
b) Imagens de toda a criação de Deus (anjos, pessoas, espíritos humanos, corpos celestes, animais) com o mesmo objetivo.
c) Imagens de qualquer uma das três Pessoas da Trindade.
Estão, portanto, em desacordo com o Segundo Mandamento cultos de louvor, adoração,
homenagem ou veneração prestados às imagens representativas de pessoas falecidas,
qualquer que tenha sido o grau de santidade que tenham alcançado na vida terrena.