16/12/2012

SENHORA, PADROEIRA E CO-REDENTORA

Airton Evangelista da Costa

Escreveu um livro: A Verdade sobre Maria
O autor postou o livro em um blog e dá liberdade de divulgação deste material. Lemos e achamos interessantes e postaremos o livro neste espaço. O nosso compromisso é não alterar o sentido nem fazer revisão do texto, assim, o nosso foco é apresentar aos que se questionam quem foi Maria? Dar uma resposta no contexto bíblico. Desfrutem!
A santa e humilde Maria nunca desejou tomar o lugar do Salvador, do Filho de Deus. A sua posição foi de serva ciente de sua missão, a missão de trazer à luz a Luz do mundo, o Pão da vida, o Verbo de Deus. Até nas suas palavras a mãe de Jesus foi discreta. O registo mais extenso das palavras por ela pronunciadas está em Lucas 1.46-55, sob o título "O cântico de Maria." Nessa oração, como já vimos atrás, Maria se mostra muito feliz e agradecida a Deus por haver sido agraciada com tão nobre missão: "Pois olhou para a humildade da sua serva.
Desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada". Nos versículos 46 e 47,
Maria se declara necessitada de salvação: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador".
Não se encontra nas Escrituras qualquer tipo de adoração a Maria, ou qualquer ensino nesse sentido. Muitas pessoas interpretam mal o título "Bem-aventurada". Uma pessoa bem-aventurada quer dizer uma pessoa feliz, ditosa e bendita. É o estado "daqueles que, por seu relacionamento com Cristo e com a sua Palavra, receberam de Deus o amor, o cuidado, a salvação e sua presença diária. O arcanjo Gabriel disse: "Bendita és tu ENTRE as mulheres", e não bendita ACIMA das mulheres. A mesma declaração foi feita por Isabel a Maria acrescentando: "... e bendito o fruto do teu ventre" (Lucas 1.42). E a própria Maria afirmou que "desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lucas 1.48b).
Jesus, no "Sermão da Montanha", chamou de "BEM- AVENTURADOS" os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os que sofrem perseguição por causa da justiça e os perseguidos por causa dele (Mateus 5.3-11). E bem-aventurada é Maria em razão da missão a ela confiada. Então, os salvos somos bem-aventurados, isto é, somos felizes porque agraciados com bênçãos de Deus. Não há a menor possibilidade de, após a nossa morte – a morte dos bem-aventurados - chegarmos à condição elevada de Senhor ou Senhora, Pai ou Mãe de todos. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor"; "Amarás o Senhor teu Seus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração." (Deuteronómio 6.4-5-6). Este mandamento foi confirmado por Jesus, quando afirmou que não existia outro mandamento maior do que este (Marcos 12.30-31), porque quem ama cumpre a Lei Moral. Ora, um coração completamente cheio do amor a Deus não possui espaço para adorar outros deuses, seja "senhor" ou "senhora", ou qualquer pessoa falecida. Ademais, fazer pedidos aos mortos e acreditar que eles sejam mensageiros de Deus, faz parte da doutrina espírita.
"Eu e a minha casa serviremos ao Senhor... nunca nos aconteça que deixemos ao Senhor para servirmos a outros deuses" (Josué 24.14-16). Devemos confiar no Senhor e somente a Ele dirigir as nossas súplicas. Em nenhuma parte da Bíblia a santa Maria é elevada à posição de Senhora, Padroeira, Protetora ou Co-Redentora. Nenhum homem ou mulher pode, depois da morte física, receber tal sublimação. Quem morreu em nosso lugar foi Jesus, e Ele não divide a sua obra redentora com mais ninguém:
"E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4.12). "Eu sou o Senhor; este é o meu nome! A minha glória a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens de escultura" (Isaías42.8).
Mas, pela palavra da Tradição, Maria cooperou na obra do Salvador e hoje, no céu, é instrumento de salvação: "Mas o seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai mais longe. De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para restauração da vida sobrenatural das
almas" (C.I.C. p. 273, # 968). "Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna" (C.I.C. p. 274, # 969).
Entenda-se como "múnus salvífico" a função de salvar, de Co-Redentora.
"Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança" (Salmos 33.12). Daí porque não foi feliz a ideia de, por decreto, eleger Maria à posição de "Padroeira do Brasil", isto é, defensora e protetora de nosso País. Mais coerente com a nossa fé cristã, seria declararmos o que está na Bíblia, ou seja, que Deus é o nosso Senhor, Salvador, Protetor e Pai:
"Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele servirás" (Lucas 4.8).
Vamos repetir. Jesus, respondendo a Satanás, citou o versículo 13 de Deuteronómio 6. Jesus foi categórico, direto, claro, objetivo. Ele disse que a nossa adoração deve ser dirigida exclusivamente a Deus, e só a Ele devemos servir, servir com o nosso louvor, com o nosso exemplo, com a nossa fé, com nossas orações, nossas lágrimas, nossos jejuns, e obediência à Sua Palavra. Se as nossas lágrimas, súplicas e louvores forem dirigidos à santa Maria, logo estaremos em oposição à palavra do Senhor Jesus. Oposição significa desobediência; desobediência significa rebeldia; rebeldia significa pecado, e “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6.23).
"Há um só Deus e pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos" (Hebreus 4.6).
Se até aqui o leitor ainda estava em dúvida, creio que este versículo colocou as coisas no devido lugar. Como já disse, a Bíblia não fala na existência de uma "Senhora" ou de um outro "Senhor". O Deus da Bíblia é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó; o Deus que tirou seu povo da escravidão do Egito; que abriu o Mar Vermelho e o seu povo fez passar; que lhe entregou a Terra da promessa; que não está de braços cruzados, impassível, assistindo à rebeldia da humanidade. Ele é por todos.
Como vimos, a eleição da humilde serva Maria, mãe de Jesus, à posição de Senhora ou de Padroeira não encontra respaldo nas Escrituras. A nossa adoração não pode ficar dividida entre o Senhor Deus e a Senhora Maria. Não se pode "coxear entre dois pensamentos", seguir dois caminhos, ter dois senhores. Devemos aprender com Maria e declararmos que a "nossa alma exalta e engrandece ao Senhor, e que o nosso espírito se alegra porque estamos em comunhão com Jesus nosso Salvador".
A Tradição fica longe da Bíblia quando diz que em Maria há salvação. Vimos que em nenhum outro nome há salvação. (Atos 4.12). E mais: "Eu, eu Sou o Senhor, e fora de mim não há salvação” (Isaías 43.11). Leiam:
"Eu sou o caminho e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).
"Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o povo dos seus pecados" (Mateus 1.21).
"...E sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo" (João 4.42). Tradição
insiste em afirmar:
"...Maria, por um vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho: em Maria a Igreja admira e exalta o mais excelente fruto de redenção..." (C.I.C. p. 300, # 1172).
 
Fonte http://averdadesobremaria.blogspot.pt/search/label/PADROEIRA%20E%20CO-REDENTORA

14/12/2012

UMA SINGELA MENTIRA VIRA HISTÓRIA UNIVERSAL


Ao longo dos séculos, sem nenhuma vergonha, a arte foi usada para fazer História usando da mentira
Certo dia, quando eu era garoto, o meu professor de religião, Dom Emílio Cláudio, trouxe na sala de aula duas estampas coloridas, ambas mostrando o bispo de Roma junto do imperador Constantino.
Na primeira estampa via-se um enorme salão com 225 bispos, todos paramentados como se fossem para uma grande festa religiosa, sentados em forma circular ao redor do bispo de Roma.  
Na parte de baixo da estampa estavam os soldados armados de lança e no teto do salão, bem no meio de um clarão aparecia uma pomba simbolizando o Espírito Santo que lançava Seus raios de luz sobre o bispo de Roma, sentado num trono muito elevado com oito degraus, de modo que seus pés estavam à altura da cabeça dos demais bispos.
Ele estava paramentado com a roupa pontifical e tinha na cabeça uma tiara de ouro. A tiara, na sua origem, era um barrete que no Oriente antigo era símbolo da soberania plena e total.
Naquelas primitivas épocas, este barrete tinha a forma de bolbo. Os bispos de Roma começaram a usá-lo nas grandes cerimónias religiosas a partir de Anastácio II (496-498). Mais tarde a tiara foi encimada por três coroas ducais de ouro que representavam o poder espiritual, o poder político e o poder eclesiástico.   
 A tiara era rematada por um globo que representava o planeta Terra, simbolizando assim a autoridade total, universal e plena do bispo de Roma sobre todos os reis, bispos e povos do planeta.
Três degraus abaixo do trono do bispo de Roma a estampa apresentava o imperador Constantino envolto num amplo manto e tendo na cabeça uma simples coroa de príncipe. A estampa reproduzia o bispo de Roma, Silvestre I, presidindo, juntamente a Constantino, o Concilio de Nicéia do ano 325.
A segunda estampa colorida que Dom Cláudio nos apresentou não era tão bonita como a primeira porque as pessoas pareciam imóveis com gestos estilizados que as tornavam ridículas.
Um e outro garoto da sala começou a rir e todos teríamos acabado rindo, se não fosse o olhar do sacerdote. Nesta segunda estampa via-se o bispo de Roma sentado num trono bem alto, que recebia do imperador Constantino uma tiara.
O imperador estava ajoelhado, de cabeça descoberta, dando a entender que havia tirado a sua tiara e estava dando-a ao bispo de Roma como se estivesse oferecendo-lhe o poder político e temporal.
Nas duas estampas o bispo era Silvestre I, de Roma. O leitor perguntará: por que as duas estampas são mentirosas? Resposta: as duas estampas são mentirosas por vários motivos.
Primeiro: não foram pintadas na época de Constantino. A primeira, aquela do Concilio de Nicéia, é um afresco do século XVI e se encontra na igreja de São Martinho, em Roma; portanto, foi pintada 1.200 anos após o acontecimento, isto é, quando já havia sido realizada a ideologia do poder pontifício.
Naquele distante ano de 325 os bispos não vestiam nenhuma roupa sacerdotal ou episcopal e muito menos cobriam a cabeça. Vestiam-se como qualquer leigo; aliás, considerando as condições da época podemos dizer que, com exceção de Roma, até o ano de 325 vestiam-se pobremente; o luxo começou depois do Concilio de Nicéia.
Segundo: Silvestre I não participou do concilio; contentou-se em enviar alguns padres para saber de que se tratava. Era velho demais!
Terceiro: jamais Constantino se teria sentado alguns degraus abaixo da cadeira do bispo de Roma e muito menos em ato de ajoelhar-se, porque no seu modo de ver as coisas, era ele, o imperador, que levava à frente qualquer assunto religioso: fosse ele pagão ou cristão, não fazia diferença.
O bispo de Roma era para Constantino e para os demais bispos, um simples encarregado da Igreja de Roma, sem nenhuma autoridade ou projeção a não ser a honra (não o poder) que lhe vinha por estar em Roma. Noutras palavras: era Roma que honrava o bispo e não a presença do bispo que honrava Roma!
Quarto: durante o Concilio de Nicéia ninguém jamais perguntou o que pensava o bispo de Roma: ele era completamente desconhecido. Ora, isto é de uma importância histórica e teológica enorme tratando-se de uma reunião tão numerosa com bispos vindos de todos os cantos do império.
O historiador jesuíta padre L. Maimbourg, francês, escreveu em 1673 uma "Histoire de L'arianisme" onde lemos (capítulo I) que no Concilio de Nicéia Constantino dominava "como senhor de todos (...) representando perfeitamente a majestade de Deus (...) e abaixo dele, na sua ausência, ou mesmo estando ele presente, sentava Osias, bispo de Córdoba, emissário imperial em todos os concílios da época, que ocupava a cadeira principal por ser o deputado imperial. Ao bispo de Roma, nem sequer as decisões conciliares eram transmitidas".
Com efeito, não se tinha por ele maior consideração do que se tinha para os pobres bispos do interior.
É por este motivo que a primeira estampa que Dom Cláudio nos mostrou era mentirosa.
Mas a outra estampa também era mentirosa. Em primeiro lugar sabemos que é um afresco do ano de 1246 na igreja dos "Santi-quattro-coronati" em Roma.
Então foi pintada cerca de 900 anos depois do acontecimento de Nicéia, e precisamente numa época em que a Igreja de Roma havia aceitado a tese de que o bispo romano é o representante de Deus na Terra com a plenitude dos poderes eclesiásticos e políticos, podendo tanto nomear reis e imperadores como removê-los do trono.
Mas quem olhava a estampa compreendia que o poder político e temporal foi-lhe dado por Constantino. Noutras palavras; as terras ao redor de Roma foram presenteadas pelo imperador e a tiara que Constantino oferecia-lhe, tirando-a da sua cabeça, era o símbolo do poder temporal.
A estampa se refere à célebre doação de Constantino. Célebre porque foi tão bem inventada que até reis e imperadores acreditaram nela por centenas de anos.
Em segundo lugar, esta estampa não é verídica porque representa Constantino em ato de ajoelhar-se e o bispo de Roma sentado no trono bem acima do imperador: o que jamais aconteceu porque qualquer bispo não passava, para Constantino, mais do que um guardião da Igreja.
Com efeito, sabemos pela História que se Sta. Helena conseguiu fazer-lhe aceitar Jesus Cristo, ao menos em nível emocional, a aceitação do cristianismo como estrutura religiosa jamais foi aceita por Constantino.
A melhor prova disso é ter ele recebido o batismo pouco antes de morrer, mas não para tornar-se cristão e sim para ter seus pecados perdoados. Com efeito, é simplesmente falso pensar num Constantino que recebe o batismo para tornar-se "súdito" de um bispo!
Para concluir, não posso deixar de relatar o que me aconteceu certo dia enquanto estava fuçando nos velhos (e preciosos) "sebos" do Rio de Janeiro...
Aconteceu que encontrei um belíssimo livro ricamente encadernado que tinha por título: "II grande libro dei Concili" e por subtítulo: "Um capítolo della storia del mondo da immagini, edifici e documenti"; Edizioni Paoline; Roma; 1962; autor: Anton Henze.
Eram 300 páginas, metade das quais eram esplêndidas fotografias que salientavam diferentes momentos da história do bispo de Roma.
E assim, folheando as fotografias, encontrei as duas estampas que acabo de apresentar ao leitor: a fotografia número 5 representa o imperador Constantino oferecendo a tiara a Silvestre I; e a fotografia número 7 representa o papa Silvestre I, que preside o Concilio de Nicéia com o imperador Constantino sentado bem abaixo de seu trono.
Fotografias assim viajam pelo mundo afora criando ideias: ideias erradas, claro! Mas como ninguém explica, acontece que a imagem mesmo falsa, cria História.
Autor: Carlo Bússola, professor de Filosofia na UFES
 
Fonte: Publicado originalmente no jornal “A Tribuna” – Vitória-ES, numa série sob o título “Os Bispos de Roma e a Ideologia do Poder”.
 
Comentários do IASD Em Foco
Junto com a erudição do Dr. Carlo Bússola, enfatizamos a sua total isenção e honestidade intelectual [tão carente, diga-se de passagem, entre historiadores, teólogos, proclamados apologetas, pastores e outros líderes religiosos da atualidade].
 
Quanto a isso, veja-se a nota de advertência que com frequência aparece na maioria dos artigos da série. No entanto, ressalte-se que os fatos falam por si mesmo sobre a origem insidiosa deste sistema da falsa religião, como predita pelo profeta Daniel, apóstolo Paulo, João e outros (Daniel 7:8-10; Atos 20: 28-30; II Tessalonicenses 2:3-4 e 7-12; Apocalipse 13:1-10).
 
Dada a sua importância crucial, estes assuntos aqui abordados dizem respeito a todos os cristãos – católicos, evangélicos, ortodoxos, renovados, protestantes, etc. – independente da coloração ideológica ou denominacional; pois, a Bíblia afirma taxativamente que este sistema da falsa religião, erigido em cima da “ideologia do poder”, contaminou praticamente todas as religiões cristãs: “Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilónia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14:6).  “... pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição...” (Apocalipse 18:3, p.p.).
 
Fazendo, em tempo, uma correção no “endereço” desta solene mensagem de advertência, nós verificamos que ela se destina a todos os habitantes da Terra; afinal, agora nos derradeiros momentos da História o complexo babilónico da falsa religião abarcará toda a Terra e, portanto, todo habitante deste planeta terá que tomar a sua decisão de um lado ou do outro, a favor da Verdade (Apocalipse 14:12) ou do lado do erro (Apocalipse 14:9-11).
 
Repetimos: o domínio da falsa religião será planetário; é a globalização do erro: “Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:7-8).
 
Em tempo, “vinho” em linguagem profética significa “doutrina” e, por conseguinte, a Bíblia afirma que, embora repudiem a idolatria e outras práticas abomináveis de Babilónia, suas “filhas”, praticamente todas as religiões ditas cristãs, beberam – assimilaram em seu corpo doutrinário – as principais doutrinas do “cardápio” de Babilónia.  

05/12/2012

Com Gelásio, Nascem Oficialmente o Alto e o Baixo Clero

De origem africana, combateu o pelagianismo,
o maniqueísmo e o arianismo, também
ratificou os livros canônicos e apócrifos
aprovados pela Igreja no Decretum Gelasianum.
De Silvestre (314) a Gelásio (496)
Do bispo Silvestre (314-335) já falamos várias vezes. Os historiadores apressados escreveram que converteu Constantino. Mentira! Constantino nunca se converteu; ele recebeu o batismo, antes de morrer, confiando na palavra do bispo Silvestre, que lhe disse que com a água do batismo Deus lhe perdoaria todos os pecados.
 
É verdade que a maioria dos historiadores eclesiásticos ligam o nome deste bispo à conversão de Constantino, mas é evidente que não passa de um boato espalhado na época pelos eclesiásticos de Roma que já estavam de olho no poder político.
 
Silvesre
O que é mais grave no bispo Silvestre é a acusação que vários bispos lhe fizeram junto ao imperador, de ter desonrado o sacerdócio (interessante essa afirmação, pois já nos revela o "sacerdócio cristão" como sendo um estado social!) oferecendo incenso aos ídolos e entregando as Sagradas Escrituras aos pagãos.
 
Diz a História que Silvestre se defendeu junto ao imperador, porque, no momento, não existia nenhum concilio perante o qual pudesse comparecer (M. Lachatre; V.I. pg. 119). (Ora, esta é uma prova de que os bispos de então, inclusive o bispo de Roma, se consideravam subordinados à autoridade civil: estamos no século IV!)
 
Os escritores católicos escreveram que Silvestre mandou construir as basílicas de São Pedro e de São João (Latrão). A verdade é que não construiu nada! Quem as havia já mandado construir foi o imperador.
 
Seguiram-se dois bispos romanos sem nenhum prestígio. Então apareceu Dâmaso que tem uma história de aventureiro. Os fatos são estes: com a morte do bispo Libério (352-366), dois valentões disputaram a cadeira episcopal de Roma: Dâmaso e Ursino.
 
Cada um tinha uma turma de valentes cristãos que os apoiava. Houve lutas porque Dâmaso foi ordenado e eleito bispo numa basílica e Ursino numa outra.
 
O prefeito de Roma e Julião, prefeito dos alimentos, expulsaram Ursino da cidade, com sete padres e dois diáconos. Foi o sinal de uma grande batalha.
 
Dâmaso e seus partidários armados de espadas e bordunas cercaram a igreja onde estava Ursino; arrombaram as portas e mataram todo mundo: homens, mulheres, crianças, um total de 137 mortos (M; Lachatre; op. cit.; V.I.; pg. 127). O prefeito teve medo e fugiu.
 
Quem também nos conta essas aventuras eclesiásticas é Ammianus Marcelinus (330-400) em "Rerum Gestarum libri (XXXI"; XVII; 3). Também é o famoso Duchesne (II; pg. 364). O bispo Dâmaso hoje é santo: São Dâmaso papa, e na sua biografia oficial lemos: "condenou os apolinaristas e os macedonianos; fixou o cânon das Escrituras; enviou embaixadores ao concilio de Constantino e incumbiu São Gerónimo de rever a tradução da Bíblia". (Enciclop. Mírador: Nada sobre as matanças...).
 
O Gibbon também fala de papa Dâmaso (VI, II; pg 485 n.) Eis o que Gibbon escreve: "Diziam as línguas irreverentes que este Dâmaso era "ariscalpius matronarum" isto é: grande bajulador das damas mais ricas de Roma, das quais conseguia habilmente tirar doações.
 
O que sabemos com certeza é que São Gerónimo e São Gregório Mazianzeno se queixaram com veemência do luxo da Igreja romana.
 
Quanto a Ursino, que sobreviveu à matança, continuou a reunir-se com seus partidários agindo como se fosse o verdadeiro bispo de Roma. Mas o bispo Dâmaso conseguiu que o imperador lhe enviasse uma ordem para acabar com o cisma.
 
Então "reuniu os seus fiéis e com a tiara na cabeça e de armas na mão, penetrou na igreja dando o sinal de combate. Foi demorada a mortandade e os assassinatos profanaram o templo de Deus".
 
Eram tempos duros. Era uma cultura diferente da nossa... Imagine o leitor que no ano de 370 os imperadores Valentiniano, Valente e Graciano promulgaram uma lei que proibia os eclesiásticos irem às casas de viúvas ou moças que vivessem sozinhas...
 
Permitindo que os parentes delas, em caso de flagrante delito, entregassem esses eclesiásticos aos tribunais civis.
 
Parêntese: foi a revolta eclesiástica contra essa lei humilhante que breve, breve, dará início ao "privilegium fori", isto é: os eclesiásticos gozam do privilégio de serem julgados somente pelo bispo.
 
Este privilégio vigora até hoje em alguns países oficialmente católicos da Europa e representa, desde o século V, uma das formas de poder político da Igreja Católica romana.
 
Como se vê, Roma, a capital do império, com sua história de grandeza, perturbava a cabeça de muitos bispos que se achavam, por isso, os naturais chefes do cristianismo.
 
O curioso é que nenhum bispo (que eu saiba) até então se considerava "vicarius Petri", ou "vicarius Christi" e nenhum deles pretendia para si esta chefia com a desculpa de ser o sucessor de São Pedro!
 
Depois de Dâmaso veio Sirício, Anastásio, Inocêncio e finalmente Zósimo.
 
De Sirício sabemos apenas que escreveu aos bispos de Gállia para que exigissem dos seus sacerdotes a continência com suas esposas, para não acabar como Adão e Eva "e serem expulsos do paraíso" (Uta Ran-ke; "Eunucos pelo reino de Deus"; II ed.; pág. 117).
 
Zósimo (417-418) era um tipo que se julgava o chefão por ser bispo da antiga capital. Então aproveitou-se do fato de um padre africano apelar para ele, que mandou três legados a Cartago com uma carta que continha quatro artigos: um, entre eles, que dizia que todos os bispos podiam recorrer ao bispo de Roma, ficando proibidos de viajar até a corte imperial para resolver seus problemas.
 
Os bispos africanos, que por acaso estavam reunidos em concilio, desprezaram os legados romanos. Mas a coisa se tornou mais grave porque os bispos africanos descobriram que Zósimo havia inventado alguns cânones acrescentando-os ao Concilio de Nicéia.
 
Foi uma vergonha para a Igreja de Roma. O concilio dos bispos africanos declarou impostor e infame o bispo Zósimo. É um "pormenor" que os escritores católicos omitem, infelizmente! Mas é um fato que prova como andava crescendo a ideologia do poder eclesiástico romano.
 
Seguem-se os bispos romanos: Bonifácio, Celestino e Sisto, sem nenhuma importância.
 
Mais importante é Leão I, dito Magno (440-461) porque quando Hilário de Poitiers se recusou a aceitar as suas ordens, numa disputa com um outro bispo gaulês, o imperador de Constantinopla, mediante um edito imperial, confirmou a sentença dada por Leão I, acrescentando e confirmando também a autoridade do bispo de Roma sobre todas as igrejas cristãs (W. Durant; "Hist, da Civil."; 1955; pág. 72).
 
Isto mostra mais um passo à frente na ideologia e na realização do poder eclesiástico romano: um poder que deriva do imperador e não de Jesus Cristo!
 
Aconteceu, todavia, que os bispos do Ocidente, por medo do imperador, aceitaram as ordens.
 
Mas os bispos do Oriente recusaram-se; aliás, os metropolitas [bispos metropolitanos] de Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria, não só recusaram a ordem imperial, mas também reivindicaram, para si, o decreto de Nicéia (325), que lhes dava a mesma autoridade que o imperador estava dando só a Roma, e apontavam o cânon 28 do Concilio de Calcedónia (451), que decretava haver igual dignidade e jurisdição patriarcal tanto para o bispo de Roma como para os demais quatro metropolitas.
 
Mas Leão I recusou-se a aceitar o cânon 28 de Calcedónia e foi, por mais um motivo, que aumentou a divisão entre cristianismo oriental e cristianismo ocidental, ou, melhor, entre as igrejas do Oriente e do Ocidente.
 
A História é clara, embora os historiadores católicos esqueçam: Roma, pela segunda vez, foi causa de divisão entre Oriente e Ocidente.
 
Na realidade a Igreja de Roma vivia um momento histórico particular: o imperador residia no Oriente bem longe dos problemas político-religiosos do Ocidente; frequentemente o governo civil romano fugia perante as invasões dos bárbaros enquanto bispos e clero ficavam em seu lugar, como "representante de Deus", fato este que gerava medo e respeito e por fim aceitavam-se mais facilmente os veredictos dos pontífices romanos.
 
Com efeito, foi este Leão I Magno que enfrentou sozinho Átila e Genserico e salvou Roma e o território romano de uma inevitável catástrofe.
 
Como não reconhecer-lhe um poder político juntamente com um poder eclesiástico?
 
Átila e Genserico eram animais ferozes... Quando marcharam sobre Roma, todas as autoridades civis e militares fugiram. Ao obedecer ao bispo Leão Magno e retirando-se para o Norte, Átila, sem saber, colocou os alicerces mais poderosos do poder político pontifício sobre toda a Europa.
 
Ao bispo Leão Magno seguem-se: Hilário, Simplicio, Félix e Gelásio.
 
Este Gelásio (492-496) nos interesse não tanto pela sua Teologia, sem nenhum fundamento, (escreveu ao bispo de Piceno que as crianças que morrem sem receber a eucaristia vão para o inferno!
 
Veja Sto. Agostinho: "Opera Omnia"; II; 640 - o que será condenado pelo Concilio de Trento) mas pela sua ideologia do poder eclesiástico. Com efeito, ele escreveu ao bispo Honório da Dalmácia pedindo informações sobre o pelagianismo que lá reapareceu.
 
Honório lhe respondeu que cuidasse da sua Igreja porque ele, Honório, sabia muito bem o que fazia. Gelásio respondeu-lhe que o bispo de Roma "por ordem do imperador cuidava das igrejas do mundo inteiro para conservar a pureza da fé", mas que não impunha a sua vontade aos bispos da Dalmácia. (M. Lachatre; op. Cit.; V.I; pg. 168).
 
Mais tarde esse mesmo Gelásio, ao saber que o imperador Anastácio havia-se queixado por não ter ainda recebido uma carta sequer do bispo de Roma, escreveu-lhe dizendo, entre outras coisas, que "os bispos são responsáveis perante Deus pelos atos dos reis". (É bom frisar isto, pois Gregório VII desenvolverá as ideias de Gelásio dizendo que o bispo de Roma não só é o responsável pela salvação eterna dos reis, mas também pela política deles).
 
Gelásio proibiu que os padres fizessem aquilo que, segundo foi estabelecido, só os bispos podiam fazer, como benzer os santos óleos, ordenar outros padres e diáconos, tornando-se assim o primeiro pontífice a distinguir entre “clero alto" e "clero baixo" colocando o clero baixo bem em baixo do ponto de vista jurídico.
 
Quanto aos bens de uma paróquia, ordenou que se fizessem quatro partes: uma para o bispo (!); outra para o clero; outra para os pobres; outra para a mesma paróquia.
 
Gelásio também quis mexer no Antigo Sacramentário, alterando alguns pontos de acordo com o seu modo de julgar as coisas. Este Antigo Sacramentário será publicado mais tarde, em 1680.
 
Conclusão: com Gelásio, bispo de Roma, estamos no fim do V século. Quinhentos anos de cristianismo deveriam ser suficientes para entender o que significa ser cristão. Pois bem! A prova de estar dentro da fé cristã, isto é, a prova de ser cristão não é a comunhão com o bispo de Roma, como pensam os hodiernos teólogos católicos, e sim a aceitação dos decretos dos concílios de Nicéia (325) e de Éfeso (431).
 
Até o ano 1000, será cristão quem aceitar os decretos destes quatro concílios. Só!
■ Atenção, leitor! Mais uma vez permita-me dizer que esta não é História da Igreja e muito menos História do Cristianismo, mas tão-somente a História dos homens que ocuparam o cargo de bispos na cidade de Roma; portanto, saiba distinguir e diferenciar as coisas.  As expressões “Santa Sé” e “Igreja” que eu uso simplesmente significam “os bispos de Roma”.
Autor: Carlo Bússola, professor de Filosofia na UFES
Fonte: Publicado originalmente no jornal “A Tribuna” – Vitória-ES, numa série sob o título “Os Bispos de Roma e a Ideologia do Poder”.
Comentários do IASD Em Foco
Junto com a erudição do Dr. Carlo Bússola, enfatizamos a sua total isenção e honestidade intelectual [tão carente, diga-se de passagem, entre historiadores, teólogos, proclamados apologetas, pastores e outros líderes religiosos da atualidade].
Quanto a isso, veja-se a nota de advertência que com frequência aparece na maioria dos artigos da série. No entanto, ressalte-se que os fatos falam por si mesmo sobre a origem insidiosa deste sistema da falsa religião, como predita pelo profeta Daniel, apóstolo Paulo, João e outros (Daniel 7:8-10; Atos 20: 28-30; II Tessalonicenses 2:3-4 e 7-12; Apocalipse 13:1-10).
 
Dada a sua importância crucial, estes assuntos aqui abordados dizem respeito a todos os cristãos – católicos, evangélicos, ortodoxos, renovados, protestantes, etc. – independente da coloração ideológica ou denominacional; pois, a Bíblia afirma taxativamente que este sistema da falsa religião, erigido em cima da “ideologia do poder”, contaminou praticamente todas as religiões cristãs: “Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilónia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14:6).  “... pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição...” (Apocalipse 18:3, p.p.).
Fazendo, em tempo, uma correção no “endereço” desta solene mensagem de advertência, nós verificamos que ela se destina a todos os habitantes da Terra; afinal, agora nos derradeiros momentos da História o complexo babilónico da falsa religião abarcará toda a Terra e, portanto, todo habitante deste planeta terá que tomar a sua decisão de um lado ou do outro, a favor da Verdade (Apocalipse 14:12) ou do lado do erro (Apocalipse 14:9-11).
Repetimos: o domínio da falsa religião será planetário; é a globalização do erro: “Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:7-8).
Em tempo, “vinho” em linguagem profética significa “doutrina” e, por conseguinte, a Bíblia afirma que, embora repudiem a idolatria e outras práticas abomináveis de Babilónia, suas “filhas”, praticamente todas as religiões ditas cristãs, beberam – assimilaram em seu corpo doutrinário – as principais doutrinas do “cardápio” de Babilónia.