21/11/2013
27/10/2013
A BÍBLIA REVELAÇÃO DE DEUS
Tendo visto agora que a existência de Deus é um facto estabelecido, um fato mais certo que qualquer conclusão de um arrazoamento formal, porque é o fundamento necessário de toda a razão, passamos à consideração de uma outra matéria. Há agora, e tem havido por séculos, um livro peculiar neste mundo, chamado Bíblia, que professa ser a revelação de Deus. Os seus escritores falam nos termos mais ousados de sua autoridade como interlocutores de Deus. Esta autoridade tem sido admitida por milhões de habitantes da terra, tanto no passado como no presente. Desejamos perguntar, portanto, se este livro é o que ele professa ser e o que ele tem sido e se crê ser por uma multidão de gente, - uma revelação de Deus. Se não é uma revelação de Deus, então os seus escritores ou foram enganados ou foram enganadores maliciosos.
I. É a Bíblia historicamente autêntica?
Por esta pergunta queremos dizer: É a Bíblia verosímil como um arquivo de factos históricos? Há mais ou menos um século críticos sustentaram ser a Bíblia inverosímil como história. Disseram que os quatro reis mencionados em Génesis 14:1 nunca existiram e que a vitória dos reis do Ocidente contra os do Oriente, como descrita neste capítulo, nunca ocorreu. Negaram que um tal povo como os hititas tenha existido. Sargão, mencionado em Isaías 20:1 como rei da Assíria, foi considerado como uma personagem mitológica. Mas como é agora? Podemos dizer hoje, após se fazerem extensas investigações concernentes às nações antigas, que nem um só ponto da Bíblia fica refutado. As orgulhosas afirmações para denegrir a Bíblia e o Seu Autor, só provam uma ousadia que tem por fundamento uma certa ignorância.
O Prof. A. H. Sayce, um dos mais eminentes dos arqueólogos, diz: "Desde a descoberta das tábuas de Tel el-Amarna até agora, grandes coisas foram trazidas pela arqueologia e cada uma delas confirma a Bíblia. Devo também dizer, que muitas destas descobertas são destruidoras dos críticos bíblicos”. Há um pouco mais de uma década a United Press irradiou o testemunho de A. S. Yahuda, primeiramente professor de História Bíblica na Universidade de Berlim e mais tarde da língua semítica na Universidade de Madrid no sentido que "toda a descoberta arqueológica da Palestina e Mesopotâmia do período bíblico revela a exactidão histórica da Bíblia ".
II. É a Bíblia revelação de Deus?
Estamos agora na consideração de uma outra questão. Um livro historicamente correcto podia ser de origem humana. É isto verdade em relação à Bíblia?
1. UMA PROBABILIDADE ANTECEDENTE.
Um pensamento cuidadoso, á parte da questão se a Bíblia é a revelação de Deus, convencerá qualquer crente bem intencionado da existência de Deus de que é altamente provável que Deus deu ao homem uma revelação escrita explícita e duradoura da vontade divina. A consciência do homem informa-o da existência da lei. Como foi bem dito: "A consciência não estabelece uma lei, ela adverte da existência de uma lei." (Diman, Theistic Argument).
Quando o homem tem o senso comum de que está procedendo mal, ele tem a indicação de que transgrediu alguma lei. Quem mais, fora de Jeová, cuja existência achamos ser um fato estabelecido, poderia ser o autor dessa lei? E desde que o homem pensa intuitivamente de Deus como sendo bom, ele deve pensar do propósito de Sua lei como sendo bom. Portanto, não podemos pensar desta lei como sendo para o mero propósito de condenação. Deve ser que esta lei é para a disciplina do homem em justiça. Devemos também concluir que Deus, sendo mostrado ser sábio por Suas maravilhosas obras, usaria dos meios mais eficazes para a execução do seu propósito por meio da lei. Isto é forte argumento da revelação escrita, porque qualquer grau notável de obediência a uma lei justa é impossível ao homem sem conhecimento dessa lei. A natureza e a razão são incertas, indistintas, incompletas e insuficientes para tal propósito.
Mais ainda, E. Y. Mullins diz: "A mesma ideia de religião contém no seu âmago a ideia de revelação. Nenhuma definição de religião que omite essa outra ideia pode permanecer à luz dos fatos. Se o fiel fala a Deus e Deus fica em silêncio ao fiel, temos somente um ângulo da religião e a religião torna-se uma casuística sem sentido" (The Christian Religion in its Doctrinal Expression).
2. UMA PRESUNÇÃO RAZOÁVEL
"Se a Bíblia não é o que o povo cristão do mundo pensa ser, então temos nas nossas mãos o tremendo problema de dar conta da sua crescente popularidade entre a grande maioria do povo mais iluminado da terra e em face de quase toda a oposição concebível" (Jonathan Rigdon, Science and Religion).
Grandes esforços se fizeram para destruir a Bíblia como nunca antes se produziram para a destruição de qualquer outro livro. Os seus inimigos tentaram persistentemente deter a sua influência. A crítica assaltou-a e o ridículo escarneceu-a. A Ciência e a filosofia foram invocadas para a desacreditar. A Astronomia, no descortinar das maravilhas celestes, pediu-se-lhe alguns factos para anular o relato bíblico, a Geologia, nas suas buscas na terra teve e tem como principal motivo o lançar as suspeitas sobre este Livro.” (J. M. Pendleton, Christian Doctrines). Contudo
"Firme, serena, imutável, a mesma Ano após ano... Arde eternamente na chama inapagável; Fulge na luz inextinguível".
Whitaker.
A Bíblia "levanta-se hoje como uma Fénix do fogo com um ar de mistura de dó e desdém pelos seus adversários, tão ilesa como foram Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha de Nabucodonosor" (Collet, All About the Bible).
Não é provável que qualquer produção meramente humana pudesse triunfar sobre semelhante oposição como a que se moveu contra a Bíblia.
3. PROVAS DE QUE A BÍBLIA É A REVELAÇÃO DE DEUS.
(1) As grandes diferenças entre a Bíblia e os escritos dos homens evidenciam que ela não é uma simples produção humana.
Estas diferenças são:
A. Quanto ás suas profundezas e alcances de sentido.
"Há infinitas profundezas e alcances inexauríveis de sentido na Escritura, cuja diferença é de todos os outros livros e que nos compelem a crer que o seu autor deve ser divino" (Strong). Podemos apanhar as produções dos homens e ajuntar tudo quanto eles têm a dizer numa só leitura. Mas não assim com a Bíblia. Podemos lê-la repetidamente e achar novos e mais profundos sentidos. Vacilam nossas mentes ante sua profundeza de sentido.
B. Quanto ao seu poder, encanto, atracção e frescura perene.
Os escritores bíblicos são incomparáveis no "seu poder dramático", esse encanto divino e indefinível, esse atractivo misterioso e sempre actual que neles achamos em toda a nossa vida como nas cenas da natureza, um encanto sempre fresco. Depois de estarmos deliciados e tocados por essas incomparáveis narrativas em nossa infância remota, elas ainda revivem e afectam as nossas ternas emoções mesmo no declínio grisalho. Deve haver, certamente, algo sobre-humano na mesma humanidade dessas formas tão familiares e tão singelas" (L. Gaussen, Theopneustia). E este mesmo autor sugere uma comparação entre a história de José na Bíblia e a mesma história no Al-Korão. Outro autor (Mornay) sugere uma comparação entre a história de Israel na Bíblia e a mesma história em Flavio Joséfo. Diz ele que ao ler a história bíblica, os homens "sentirão vibrar todos os seus corpos, mover seus corações, sobrevindo-lhes num momento uma ternura de afecto, mais do que se todos os oradores da Grécia e Roma lhes tivessem pregado as mesmas matérias por um dia inteiro". Diz ele dos relatos de Joséfo, "que se deixarão mais frio e menos emocionado do que quando os achou". Ajunta então: "Que, então, se esta Escritura tem na sua humildade mais elevação, na sua simplicidade mais profundeza, na sua ausência de todo esforço mais encantos, na sua rudeza mais vigor e alvo do que podemos achar noutro lugar qualquer?"
C. Quanto a sua incomparável concisão.
No livro do Génesis temos uma história que fala da criação da terra e de ela ser feita lugar adequado para habitação do homem. Fala da criação do homem, animais, plantas e da sua colocação na terra. Fala da apostasia do homem, do primeiro culto, do primeiro assassínio, do dilúvio, da repopulação da terra, da dispersão dos homens, da origem da presente diversidade de línguas, da fundação da nação judaica e do desenvolvimento e das experiências dessa nação durante uns quinhentos anos; tudo, todavia, contido em cinquenta capítulos notavelmente breves. Comparai agora com isto a história escrita por Joséfo. Tanto Moisés como Joséfo foram judeus, ambos escreveram sobre os judeus, mas Joséfo ocupa mais espaço com a história de sua própria vida do que Moisés consome no arquivo da história desde a criação até ä morte de José. Tomai também os escritos dos evangelistas. "Quem entre nós podia ter sido durante três anos e meio testemunha constante, amigo apaixonadamente chegado, de um homem como Jesus Cristo; quem podia ter podido escrever em dezasseis ou dezassete curtos capítulos,... a história inteira dessa vida: - do Seu nascimento, o Seu ministério, dos Seus milagres, das Suas pregações, dos Seus sofrimentos, de Sua morte, de Sua ressurreição, de Sua ascensão aos céus? Quem entre nós teria julgado possível evitar de dizer uma palavra sobre os primeiros trinta anos de uma semelhante vida? Quem entre nós podia ter relatado tanto actos de bondade sem uma exclamação; tantos milagres sem uma reflexão a respeito; tantos sublimes pensamentos sem uma ênfase; tantas fraquezas sem pecado no seu Mestre e tantas fraquezas pecaminosas nos Seus discípulos, sem nenhuma supressão; tantos casos de resistência, tanta ignorância, tanta dureza de coração, sem a mais leve desculpa ou comento? É assim que os homens escrevem história? E mais, quem entre nós podia ter sabido como distinguir o que exigia ser dito por alto do que exigia sê-lo em minúcia?" (Gaussen).
(2) A revelação de coisas que o homem, deixado a si mesmo, jamais podia ter descoberto dá evidência da origem sobre-humana da Bíblia
A. O relato da Criação.
Onde pôde Moisés ter obtido isto, se Deus não lho revelou? "A própria sugestão de ter Moisés obtido sua informação histórica dessas lendas com origem nos caldeus e de Gilgamesh... é simplesmente absurda; porque, interessantes como são, estão de tal modo cheias de asneiras que Moisés teria sido impossível ou a qualquer outro homem, fazer sobressair de tais lendas místicas os registos sóbrios, reverentes e científicos que se acham no livro do Génesis" (Collett).
B. A doutrina dos anjos.
"Foi alguma coisa parecida com os anjos concebida pela imaginação do povo, pelos seus poetas, ou pelos seus sábios? Não; nem mesmo mostraram jamais aproximar-se disso. Perceber-se-á, quão impossível foi, sem uma operação constante da parte de Deus, que as narrativas bíblicas, ao tratarem de um tal assunto, não tivessem considerado constantemente a impressão humana demais de nossas acanhadas concepções; ou que os escritores sagrados não tivessem deixado escapar de suas penas toques imprudentes ao vestirem os anjos com atributos divinos demais ou afectos humanos demais." (Gaussen).
C. A Omnipresença de Deus.
Representam as seguintes passagens a conclusão da filosofia humana?
"Sou eu um Deus de perto, diz Jeová, e não sou um Deus de longe? Pode alguém esconder-se em lugares secretos de modo que eu não o veja? diz Jeová. Não encho eu o céu e a terra? diz Jeová (Jer. 23:23,24).
"Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e a Tua destra me susterá." (Sal. 139:7-10).
Estas passagens e outras na Bíblia ensinam, não o panteísmo, nem que Deus está em diferentes lugares sucessivamente senão que Ele está em toda a parte ao mesmo tempo e contudo separados como Ser fora da Criação. O intelecto desajudado do homem originou esta concepção, vendo que, mesmo quando ele tem sido acomodado, a mente do homem pode compreende-lo só parcialmente?
D. O problema da redenção humana.
Se fora submetido ao homem o problema de como Deus podia ser justo e justificador do ímpio, teria o homem proposto, como solução, que Deus se tornasse carne e sofresse em lugar do homem?
"Que a criatura culpada fosse salva a custa da incarnação do Criador; que a vida viesse aos filhos dos homens através da morte do Filho de Deus; que o céu se tornasse acessível à população distante da terra pelo sangue de uma cruz vergonhosa; estava totalmente remoto a todas as concepções finitas. Mesmo quando a maravilha se tornou conhecida pelo Evangelho, ela excitou o desprezo dos judeus e dos gregos: para os primeiros pedra de escândalo e ofensa, loucura para os últimos. Eram os gregos um povo altamente culto, de intelecto agudo, profundos na filosofia, subtis em arrazoar, mas ridicularizaram a idéia de salvação por meio de um que fora crucificado. Bem podem ser considerados como representando as possibilidades do intelecto humano, o que ele pode fazer; e, tão longe de pretenderem a doutrina cristã da redenção como uma invenção de filósofos, riram-se dela como indigna da filosofia. Rejeitaram os fatos do Evangelho como incríveis, porque pareciam estar em conflito positivo com as suas concepções da razão." (J. M. Pendleton, Christian Doctrines).
"Como podiam esses livros ter sido escritos por semelhantes homens, em semelhantes ambientes sem auxílio divino? Quando consideramos os assuntos discutidos, as ideias apresentadas, tão hostis não só aos seus prejuízos nativos, mas ao sentimento geral então prevalecente nos mais sábios da humanidade, - o sistema todo de princípios entrelaçados em toda a parte da história, poética e promessa, bem como de insignificantes maravilhas e singulares excelências da palavra; as nossas mentes inclinam-se e reconhecem este Livro de Deus num sentido elevado e peculiar" (Masil Manly, The Bible Doctrine of Inspiration).
(3) A unidade maravilhosa da Bíblia confirma-a como uma revelação divina.
"Eis aqui um volume constituído de sessenta e seis livros escritos em secções separadas, por centenas de pessoas diferentes, durante um período de mil e quinhentos anos, - um volume que antedata nos seus registros mais antigos todos os outros livros no mundo, tocando a vida humana e o conhecimento em centenas de diferentes pontos. Contudo, evita qualquer erro absoluto e assinalável ao tratar desses inumeráveis temas. De que outro livro antigo se pode dizer isto? De que livro mesmo centenário se pode dizer isto?" (Manly, The Bible Doctrines of Inspiration).
A Bíblia contém quase toda a forma de literatura, - história, biografia, contos, dramas, argumentos, poética, sátiras e cantos. Foi escrita em três línguas por uns quarenta autores diferentes, que viveram em três continentes. Esteve no processo de composição uns mil quinhentos ou seiscentos anos. "Entre esses autores estiveram reis, agricultores, mecânicos, cientistas, advogados, generais, pescadores, estadistas, sacerdotes, um colector de impostos, um doutor, alguns ricos, alguns pobres, alguns citadinos, outros camponeses, tocando assim todas as experiências dos homens." (Peloubet, Bible Dictionary).
Entretanto, a Bíblia está em harmonia em todas as suas partes. Os críticos tem imaginado contradições, mas estas desaparecem como o nevoeiro ao sol matutino quando se sujeitam à luz de uma investigação inteligente, cuidadosa, cândida, justa e simpática. Os seguintes sinais de unidade caracterizam a Bíblia:
A. É uma unidade no seu desígnio.
O grande desígnio número um que percorre toda a Bíblia é a revelação de como o homem, alienado de Deus, pode achar restauração ao favor e à comunhão de Deus.
B. É uma unidade no seu ensino a respeito de Deus
Cada informação na Bíblia concernente Deus é compatível com todas as outras afirmações. Nenhum escritor contraditou qualquer outro escritor ao escrever sobre o tema estupendo do Deus inefável e infinito!
C. É uma unidade no seu ensino a respeito do homem.
Em toda a parte da Bíblia mostra-se o homem criatura por natureza corrupta, pecaminosa, rebelde e falida sob a ira de Deus e carecendo de redenção.
D. É uma unidade no seu ensino a respeito da salvação.
O meio de Salvação não se fez tão claro no Velho como no Novo Testamento. Mas vê-se prontamente enunciado no Velho por claramente revelado no Novo Testamento. Pedro afirmou que os santos do Velho Testamento salvaram-se exactamente da mesma maneira que os do Novo, Actos 15:10,11. O suposto conflito entre Tiago e Paulo sobre a justificação será tratada no respectivo capítulo.
E. É uma unidade quanto à Lei de Deus.
Um ideal perfeito de justiça está retratado por toda a Bíblia a desrespeito do fato que Deus, em harmonia com as leis do desenvolvimento humano, ajustou Seu governo às necessidades de Israel para que pudesse erguer-se do seu rude estado. Este ajustamento da disciplina de Deus foi como uma escada descida a um fosso para prover um meio de escape a alguém lá enlaçado. A descida da escada não visa a um encorajamento ao que está no fundo para deter-se lá, mas vem como meio de encorajamento; de modo que a condescendência da disciplina de Deus no caso de Israel não foi pensada como um encorajamento do mal, mas como uma regulação do mal com o propósito de levantar o povo a um plano mais elevado. Negar a unidade da Lei de Deus por causa de adaptações às necessidades dos povos particulares é tão tolo como negar a unidade dos planos do arquitecto pelo facto de ele usar andaimes temporários na execução da obra.
F. É uma unidade revelada de forma progressiva da doutrina.
A verdade toda não foi dada de uma vez na Bíblia. Contudo, há unidade. A unidade no desenrolar progressivo tal como no crescimento vegetal. Primeiro vemos a erva, depois a espiga e então o grão cheio na espiga" (Marcos 4:28).
A força desta unidade maravilhosa na sua aplicação à questão da inspiração da Bíblia está acentuada por David James Burrell como segue: "Se quarenta pessoas dispares de diferentes línguas e graus de educação musical tivessem de passar pela galeria de um órgão em longos intervalos e, sem nenhuma possibilidade de colisão, cada uma delas tocasse sessenta e seis teclas, as quais, quando combinadas, dessem o tema de uma sifonia, submeter-se-ia respeitosamente que o homem que considerasse isso como uma "circunstancia fortuita" seria tido por consenso unânime - tristemente falto de senso comum" (Why I Believe The Bible).
(4) A exactidão da Bíblia em matérias científicas (a Bíblia não pretende ser um Manual de Ciência) prova que ela não é de origem humana.
A. A Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural.
Diz-se correctamente que a Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural. Não foi dada para ensinar o caminho que os céus vão, mas o caminho que vai para o céu.
B. Todavia, ela faz referência a matérias científicas.
"Por outro lado, contudo, vendo que o universo inteiro esta de tal modo inteira e inseparavelmente ligado com leis e princípios, é inconcebível que este livro de Deus, que confessadamente trata de tudo no universo quanto afecta os mais altos interesses do homem, não fizesse referência alguma a qualquer matéria cientifica; daí acharmos referência acidental a vários ramos da ciência... (Sidney Collett, All About The Bible).
C. E quando a Bíblia faz referência a matérias cientificas, é exactíssima.
A Bíblia não contém os erros científicos do seu tempo. Ela antecipou as gabadas descobertas dos homens centenas de anos. Nenhum dos seus estatuídos provou-se erróneo. E é somente nos tempos hodiernos que os homens chegam a entender alguns deles. Notai as seguintes referências bíblicas a matérias científicas:
(a) A rotundidade da terra. Séculos antes de os homens saberem que a terra é redonda a Bíblia falou do "círculo da terra" (Isaías 40:22).
(b) O suporte de gravitação da terra. Os homens costumavam discutir a questão de que é que sustenta a terra, sendo avançadas diversas teorias. Finalmente os cientistas descobriram que a terra é sustentada pela sua própria gravitação e a de outros corpos. Mas, muitos antes de os homens saberem isto, e enquanto contendiam por este ou aquele fundamento material para a terra, a Bíblia declarou que Deus "pendura a terra sobre o nada" (Job 26:7).
(c) A natureza dos céus. A Bíblia fala dos céus como "expansão" e isto estava tão adiante da ciência que a palavra hebraica (raquia) foi traduzida por "firmamento" (Génesis 1; Sal. 19:6), que quer dizer um suporte sólido.
(d) A expansão vazia do Norte. Foi só na metade do século passado que o Observatório de Washington descobriu que, dentro dos céus do Norte, há uma grande expansão vazia na qual não há uma só estrela visível. Mas antes de três mil anos a Bíblia informou aos homens que Deus "estendeu o Norte sobre o espaço vazio" (Job 26:7).
(e) O peso do Ar. Credita-se Galileu com a descoberta que o ar tem peso, - algo com que os homens jamais tinham sonhado; mas, dois mil anos antes da descoberta de Galileu a Bíblia disse que Deus fez "um peso do vento" (Job 28:25).
(f) A rotação da terra. Ao falar de sua segunda vinda, Cristo deu indicação de que seria noite numa parte, dia na outra (Lucas 17:34-36), implicando assim a rotação da terra sobre seu eixo.
(g) O número de estrelas. Hiparco numerou as estrelas em 1002, mas a Bíblia antecipou as revelações do telescópio e classificou as estrelas com a areia na praia (Gén. 22:17).
Comparai agora esses verdadeiros estatuídos científicos com as noções cruas e com os erros grosseiros concernentes ao universo a serem achados em outras velhas teologias, tais como as de Homero, Hesiodo e os códigos dos gregos; também os livros sagrados dos budistas, bramanes e maometanos.
(5) A profecia cumprida testemunha ao fato que a Bíblia veio de Deus.
A. A referência profética a Ciro.
Cinquenta anos antes do nascimento de Ciro, Rei, o qual decretou que os filhos de Israel voltassem à sua terra, Isaías falou de Deus como "aquele que disse de Ciro, ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Sê edificada, e ao tempo: Funda-te" (Isaías 44:28).
B. A profecia do cativeiro babilónico. Vide Jer. 25:11.
C. Profecias a respeito de Cristo.
(a) A rotura de Suas vestes. Salmos 22:18. Cumprimento: João 19:23,24.
(b) O fato de os Seus ossos não serem quebrados. Sal. 34:20. Cumprimento: João 19:36.
(c) Sua traição. Sal. 41:9. Cumprimento: João 13:18.
(d) Sua morte com os ladrões e enterro no túmulo de José. Isaías 53:9. Cumprimento: Mat. 27:38, 57-60.
(e) O Seu nascimento em Belém. Miquéias 5:2. Cumprimento: Mat. 2:1,2; João 7:42.
(f) Sua entrada triunfal em Jerusalém. Zacarias 9:9. Cumprimento: Mat. 21:1-10; João 12:12-16.
(g) O Seu trespasse. Zacarias 12:10. Cumprimento: João 19:34,37.
(h) Dispersão dos Seus discípulos. Zac. 13:7. Cumprimento: Mat. 26:31.
Há, porém, uma explicação plausível da maravilha da profecia cumprida e essa explicação é que Ele "que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade" (Efe. 1:11) moveu a mão do escritor da profecia.
(6) O testemunho de Cristo prova a genuinidade da Bíblia como uma revelação de Deus.
Jesus considerou o Velho Testamento como a Palavra de Deus, a ele se referiu frequentemente como tal e disse: "A Escritura não pode ser quebrada" (João 10:35). Ele também prometeu ulterior revelação por meio dos apóstolos (João 16:12,13). Temos assim Sua autenticação do Novo Testamento.
O testemunho de Jesus é de valor único, porque a Sua vida provou-O ser o que Ele professou ser, - a revelação de Deus. Jesus não se enganou; "porque isto arguiria (a) uma fraqueza e loucura montando a positiva insanidade. Mas a Sua vida inteira e carácter exibiram uma calma, dignidade, equilíbrio, introspecção e domínio pessoal totalmente antagónicos com semelhante teoria. Ou arguiria (b) auto-ignorância e auto-exagero que podiam provir apenas da mais profunda perversão moral. Mas a pureza absoluta da Sua consciência, a humildade do Seu espírito, a beneficência abnegada da Sua vida mostram ser incrível esta hipótese". Nem Jesus foi um enganador, porque (a) a santidade perfeitamente compatível da Sua vida; a confiança não vacilante com a qual Ele desafiava para uma investigação das suas pretensões e arriscava tudo sobre o resultado; (b) a vasta improbabilidade de uma vida inteira mentir aos declarados interesses da verdade e (c) a impossibilidade de decepção opera tal bênção ao mundo, - tudo mostra que Jesus não foi um impostor " (A. H. Strong).
III. O que constitui a Bíblia?
Do que já se disse, manifesto é que o autor crê que a Bíblia, revelação de Deus, consiste de sessenta e seis livros do que é conhecido como o Canon Protestante.
Aqui não é necessário um prolongado e trabalhado argumento e nada será tentado. A matéria inteira, tanto quanto respeita aos que crêem na divindade de Cristo, pode ser firmada pelo Seu testemunho.
Notemos:
1. Cristo aceitou os trinta e nove livros de nosso Velho Testamento como constituindo a revelação escrita que Deus tinha dado até aquele tempo.
Esses livros compunham a "Escritura" (um termo que ocorre trinta e três vezes em o Novo Testamento) aceita pelos judeus. Crê-se que eles foram reunidos e arranjados por Esdras. Foram traduzidos do hebraico para o grego algum tempo antes do advento de Cristo. Não pode haver dúvida de que Cristo aceitou esses livros e nenhuns outros como constituindo os escritos que Deus inspirou até aquele tempo. Ele citou esses livros na formula: "Está escrito". Ele referiu-se a eles como "Escritura". E Ele disse: "... a Escritura não pode ser quebrada" (João 10:35).
Por outro lado, nem uma vez Cristo citou ou se referiu aos livros que se acrescentaram ao Cânon Protestante para inteirar o Velho Testamento na Bíblia Católica (Versão Douay). E admiti-se, autoridades católicas, que os judeus do tempo de Cristo não aceitaram os mesmos como inspirados. (Nota adicional: Num Catecismo da Bíblia, escrito pelo "Rev. John O'Brien, M. A.", e publicado pela sociedade Internacional da Verdade Católica, de Brooklyn, à página 10, faz-se esta pergunta sobre esses livros : "Foram os livros adicionados aceitos pelos hebreus?". A resposta dada é: "Não, os hebreus recusaram-se a aceitar esses livros adicionais.") O Cânon Protestante do Velho Testamento é o cânon aceito pelo povo escolhido de Deus e pelo Filho de Deus, bem como pelos Apóstolos.
2. Cristo também prometeu uma revelação ulterior além mesmo de tudo que Ele tinha ensinado.
Em João 16:12,13 achamos Cristo falando aos apóstolos como segue: "Ainda tenho muitas coisas a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Não obstante, quando Ele, o Espírito de verdade vier, guiar-vos-á em toda a verdade; porque Ele não falará de Si mesmo, mas falará tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir".
Ainda mais: Cristo constituiu aos apóstolos um corpo de mestres infalíveis quando em Mat. 18:18 disse: "Na verdade vos digo: o que ligardes na terra será ligado no céu e o que desligardes na terra será desligada no céu". "Ligar" quer dizer proibir, isto é, ensinar que uma coisa está errada. "Desligar" é consentir, sancionar, ensinar que uma coisa está certa. Assim Cristo prometeu sancionar no céu o que quer que os apóstolos ensinaram na terra. João 20:22,23 é da mesma importância.
Em o Novo Testamento temos esta revelação ulterior que Cristo deu por meio do Seu corpo infalível de mestres. Os poucos livros não escritos pelos apóstolos receberam o seu lugar no cânon, evidentemente, porque os apóstolos os aprovaram. De qualquer maneira, o seu ensino é o mesmo como o dos demais livros do cânon.
No Novo Testamento veio a existir da mesma maneia que o Velho, isto é, o cânon foi determinado pelo consenso de opinião da parte do próprio povo de Deus. O fato que Deus deu e conservou uma revelação infalível da velha dispensação argue que Ele fez o mesmo com referência ao novo.
IV. É a Bíblia final como revelação de Deus?
A finalidade da Bíblia está sendo rejeitada hoje a favor de uma revelação que está ainda em processo. Esta ideia é adoptada por aqueles que estão contaminados de modernismo. Ninguém que crê na divina inspiração da Bíblia adoptará esta ideia. Devemos voltar a Cristo concernente à inspiração dos escritores apostólicos, o qual não nos dá nenhuma garantia em pretender que esta inspiração se estendeu além dos Apóstolos. Que ensinos, não contrários ao Novo Testamento, podem os crentes da revelação progressiva indicar como tendo sido revelados desde os tempos apostólicos? O Novo Testamento é manifestamente completo e final.
Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004 Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
PENSAMENTO BATISTA SOBRE O PODER DO PAPA
O Papa tem as chaves do Céu?
“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: ...tu és Pedro [petros] e sobre esta pedra [petra] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. – Mateus 16.16-18
“Apascenta os meus cordeiros... Pastoreia as minhas ovelhas... Apascenta as minhas ovelhas”. – João 21.15-17
Após a confissão de fé de Pedro, ele [Cristo] determinou que sobre ele construiria a sua Igreja; a ele prometeu as chaves do reino dos céus... – Vaticano II [1]
Um
papa infalível como sucessor de Pedro, que tem as chaves do reino do céu, sendo
o vigário de Cristo? Antes foi a declaração arrogante de que a pompa e os
poderes foram herdados de Constantino. Hoje afirma-se que a declaração de Cristo
a Pedro fez dele o primeiro papa, a pedra sobre a qual “a única Igreja
verdadeira” foi construída, e todos os que o seguiram nesse ofício têm sido seus
sucessores, não importa a violência e as fraudes que usaram para consegui-lo,
nem suas atitudes malignas. A autoridade que o papa possui hoje e a religião
católica que ele lidera estão ancoradas sobre essa afirmação.
O papa
é a Igreja Católica. Sem ele a Igreja não poderia funcionar e nem mesmo existir.
Por isso é importante estudarmos esse assunto mais a fundo. Pouco importa o que
o fiel católico comum pense ou faça. Mas as doutrinas e os feitos da hierarquia
e principalmente dos papas continuam controlando a Igreja. É aí que o nosso foco
deve estar, não na opinião de alguns católicos que dizem não acreditar na metade
do que a Igreja ensina. (Essas pessoas não deveria se chamar “católicas”. Por
que confiar numa Igreja para obter a salvação eterna se ela nem é digna de
confiança em assuntos menos importantes?)
E que
dizer da declaração de Cristo a Pedro: “sobre esta pedra edificarei a minha
igreja?”(Mateus 16.18). Os protestantes argumentam que existe um
jogo de palavras no verso chave acima. No grego, “Pedro” é petros, uma pedrinha, enquanto
“pedra” no grego é uma petra,como a rocha de Gibraltar,
por exemplo. Uma petra tão imensa obviamente só poderia ser o
próprio Cristo e a confissão de que Jesus é o Cristo, que Pedro acabara de
fazer.
Os
apologistas católicos modernos respondem que Cristo estava provavelmente falando
em aramaico, o que elimina o jogo de palavras e deixa Pedro como a pedra sobre a
qual a Igreja foi edificada. Essa posição, contudo, certamente nega uma das
doutrinas básicas do catolicismo romano, a profissão de fé tridentina. Ela exige
que todos os clérigos, a partir do papa Pio IV (1559-1565), aceitem a
interpretação das Sagradas Escrituras somente de acordo com o consenso unânime
dos Pais [da Igreja].
O Testemunho dos Pais da Igreja
Os Pais da Igreja Católica Romana posicionaram-se unanimemente
contra a interpretação católica atual. E é Von Dollinger (foto), um católico
devoto, uma autoridade da história eclesiástica e que ama a sua Igreja, quem
aponta para esses fatos.
Como
os “Pais da Igreja” (líderes da Igreja até o papa Gregório, o Grande, que morreu
em 604) interpretam esta passagem? Acontece que neste assunto em particular eles
são unânimes em concordar com a posição dos protestantes. Nenhum deles
interpreta essa passagem como os católicos são ensinados a entendê-la
atualmente.
Para
estar de acordo com o ensino unânime dos Pais da Igreja, um católico teria de
rejeitar o dogma de que Pedro foi o primeiro papa, que ele era infalível e que
transmitiu sua autoridade a sucessores. O historiador e católico devoto Von
Dollinger lembra fatos inegáveis:
De todos os Pais que interpretam estas passagens nos Evangelhos (Mateus 16.18, João 21.17), nenhum as aplica ao bispo de Roma como sucessor de Pedro.Quantos Pais se ocuparam com estes textos, mas nenhum daqueles cujos comentários possuímos – Orígenes, Crisóstomo, Hilário, Agostinho, Cirilo, Teodoro e aqueles cujas interpretações são coletadas às centenas – têm sequer insinuado que o primado de Roma é a conseqüência da comissão e promessa feita a Pedro!
Nenhum deles explicou que a pedra ou fundamento sobre o qual Cristo construiria a sua Igreja seria o ofício dado a Pedro que devia ser transmitido aos seus sucessores, mas entenderam que se tratava do próprio Cristo ou da confissão de fé de Pedro sobre Cristo; muitas vezes afirmando que eram as duas coisas juntas.[2]
Em
outras palavras, ao contrário do que a maioria dos católicos tem aprendido, os
Pais da Igreja Católica Romana posicionaram-se unanimemente contra a
interpretação católica atual. E é um católico devoto, uma autoridade da história
eclesiástica e que ama a sua Igreja, quem aponta para esses
fatos.
Outros
historiadores católicos concordam com Von Dollinger. Peter de Rosa, também
católico devoto, habilmente contesta a supremacia e a linha contínua de sucessão
papal desde Pedro:
Pode ser um choque para eles [católicos] saber que os grandes Pais da Igreja não viam conexão alguma entre a declaração [Mateus 16.18] e o papa. Nenhum deles aplica “Tu és Pedro” a alguém mais senão a Pedro. Um após outro, todos analisaram-na: Cipriano, Orígenes, Cirilo, Hilário, Jerônimo, Ambrósio, Agostinho. E eles não são protestantes.
Nenhum deles chama o bispo de Roma de “pedra” ou aplica especificamente a ele a promessa das chaves do reino. Isso é tão surpreendente para os católicos, como se eles não pudessem encontrar menção alguma dos Pais sobre o Espírito Santo e a ressurreição dos mortos...
Para os Pais é a fé de Pedro – ou o Senhor em quem Pedro deposita sua fé – que é chamado de “pedra” e não Pedro. Todos os concílios da Igreja, de Nicéia, no século IV, ao de Constância, no século XV, concordam que o próprio Cristo é o único fundamento da Igreja, isto é, a pedra sobre a qual a Igreja se sustém.
...nenhum dos Pais fala de uma transferência de poder de Pedro aos que o sucederam ...Não há indicação alguma de um ofício petrino permanente.
Então a Igreja primitiva não olhava para Pedro como bispo de Roma, nem, por conseguinte, pensava que todo bispo de Roma seria o seu sucessor... Os evangelhos não criaram o papado; porém o papado buscou apoio nos Evangelhos [mesmo que isso não seja possível].[3]
O fato
dos papas durante séculos terem se baseado em documentos fraudulentos (A
Doação de Constantino e os Falsos Decretos) para justificar sua
pompa e poder, mesmo após terem sido expostos como deliberadas falsificações,
mostra como esses “vigários de Cristo” não apreciavam a verdade. Também nos
mostram que naqueles dias os papas não baseavam suas justificativas para a sua
autoridade papal e a suposta sucessão apostólica desde Pedro em Mateus 16.18. Se
isso ocorresse eles não precisariam de documentos falsos para autenticar sua
posição. Tal aplicação para as palavras “Tu és Pedro” foi inventada muito mais
tarde.
Quem é a Pedra?
A verdade sobre o assunto não depende da questionada
interpretação de alguns versículos, mas sim da totalidade das Escrituras. O
próprio Deus é claramente descrito como a “pedra” ou “rocha” infalível de nossa
salvação através de todo o Antigo Testamento. (Deuteronômio 32.3,4; Salmo
62.1,2, etc.). Na verdade a Bíblia declara que Deus é a única pedra: “Pois quem é Deus, senão o SENHOR? E quem é rochedo,
senão o nosso Deus?” (Salmo 18.31).
O Novo
Testamento torna igualmente claro que Jesus Cristo é a pedra sobre a qual a
Igreja é construída, e que Ele, sendo Deus e um com o Pai, é, portanto, a Pedra.
Cristo e Seus ensinamentos (Mateus 7.24-29) são rocha onde o “homem prudente edifica a sua
casa”, e não Pedro. O próprio
apóstolo Pedro frisa que Cristo é a “pedra angular” sobre a qual a
Igreja é construída (1 Pedro 2.6-8). E ele cita uma passagem do Antigo
Testamento para enfatizar isso.
Paulo,
do mesmo modo, chama Cristo “a pedra angular” da Igreja e declara que a
Igreja também é edificada “sobre o
fundamento dos [todos] apóstolos e profetas” (Efésios 2.20). Esta declaração
nega claramente que Pedro tenha uma posição especial no fundamento da
Igreja.
Pedro Não Recebeu Promessa Alguma
Os Pais da Igreja nem ao menos puderam reconhecer no poder das
chaves, e no poder de ligar e desligar, qualquer prerrogativa ou senhorio do
bispo de Roma.
Quando
Cristo deu a Pedro “as chaves do reino dos Céus” (Mateus 16.19), Ele explicou o que aquilo significava:
“o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na
terra terá sido desligado nos céus”. A mesma promessa foi renovada a todos
os discípulos em Mateus 18.18, assim como em João 20.23, com a especial
aplicação, neste contexto, ao perdão de pecados.
A
chave para ligar e desligar e remir ou reter pecados foi claramente dada a
todos, não só a Pedro. Portanto, não é certo afirmar que Pedro tinha poder e
autoridade especial sobre os demais apóstolos. Tal conceito não se encontra em
parte alguma do Novo Testamento e era desconhecido mesmo para a Igreja Católica
Romana até alguns séculos mais tarde. A Pedro foi dado o privilégio especial de pregar o Evangelho, primeiro aos
judeus (Atos 2.14-41) e depois aos gentios (Atos 10.34-48), mas ele não recebeu
nenhuma autoridade especial.
Os
apologistas católicos alegam que as palavras de Cristo a Pedro em João 21.15-47
(“apascenta meus cordeiros”, “pastoreia as minhas ovelhas”) deu-lhe
autoridade única. Pelo contrário, o próprio Pedro aplicou esse mandamento a
todos os anciãos (1 Pedro 5.2) do mesmo modo que Paulo fez (Atos 20.28).
Novamente é Von Dollinger quem nos informa:
Nenhuma das antigas confissões de fé, nenhum catecismo, nenhum dos escritos patrísticos, que visavam instruir o povo, contém uma sílaba sequer sobre o papa, nem sequer uma indicação mínima sobre o fato de toda certeza da fé e doutrina depender dele...
Os Pais da Igreja nem ao menos puderam reconhecer no poder das chaves, e no poder de ligar e desligar, qualquer prerrogativa ou senhorio do bispo de Roma, tanto mais que – o que à primeira vista fica óbvio para qualquer um – eles não viram um poder dado primeiramente a Pedro, e em seguida repetindo precisamente as mesmas palavras a todos os apóstolos, como algo que fosse peculiar a ele, ou uma herança para a linhagem dos bispos de Roma, e eles usavam o símbolo das chaves significando exatamente o mesmo que a expressão figurada de ligar e desligar...
O poder das chaves ou de ligar e desligar, foi universalmente reconhecido como pertencente a outros bispos, tanto quanto ao bispo de Roma.[4]
Nenhum Poder Especial Foi Dado a Pedro
A
autoridade especial que tem sido alegada pelos papas católicos romanos, que
afirmam ser os supostos sucessores de Pedro, jamais foi exercida por Pedro. Em
suas epístolas o apóstolo exorta seus iguais; não dá ordens a subordinados.
“Aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles...” (1 Pedro 5.1). Ele não oferece base em seus escritos para
nenhuma posição ou poder eclesiástico oficial e exaltado. Pedro declara ser
simplesmente “testemunha dos sofrimentos de Cristo” (1 Pedro 5.1) junto com todos os apóstolos, que foram
“testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pedro 1.16). Ele não faz uma única afirmação em seu
favor, simplesmente se coloca entre os outros apóstolos.
A
reunião de “apóstolos e anciãos” em Jerusalém por volta de 45-60 d.C. descrita
em Atos 15.4-29 foi organizada por iniciativa de Paulo, não de Pedro. (Não foi
“o primeiro Concílio da Igreja”, como alguns afirmam. Não havia hierarquia na
Igreja, nenhuma delegação de fora, todos os presentes residiam em Jerusalém.)
Além do mais, foi Tiago, e não Pedro, quem parece ter tomado a liderança.
Conquanto Pedro tenha feito uma declaração importante, ela não foi doutrinária,
sendo apenas um resumo de sua experiência ao levar o Evangelho primeiro aos
gentios. Tiago, contudo, discorreu sobre as Escrituras e argumentou sobre um
ponto de vista doutrinário. Além do mais, foi Tiago quem disse: “Pelo que julgo eu... [meu veredito é]” (Atos
15.19) e sua declaração tornou-se
a base da carta oficial enviada a Antioquia.
Não há
evidências de que Pedro tenha intimidado os outros, mas Tiago o intimidou. O
temor de Tiago e sua influência e liderança levaram Pedro a se voltar à
tradicional separação dos gentios. Como resultado, Paulo, que escreveu muito
mais do Novo Testamento do que Pedro, e cujo ministério foi muito mais
abrangente, censurou Pedro publicamente por seu erro (Gálatas 2.11-14).
Certamente Pedro não agia como papa, nem era tratado assim pelos
outros.
Os Verdadeiros Sucessores dos Apóstolos
Cristo
mandou que os apóstolos fizessem discípulos através da pregação do Evangelho.
Ele acrescentou que cada pessoa que cresse no Evangelho deveria ser ensinada a
obedecer a todas as coisas que Ele havia ensinado. A declaração: “ensinando-os [aos discípulos que se
converterão] a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28.20), não pode ser atribuída exclusivamente a uma
liderança hierárquica. Esperava-se que todos aqueles que se tornaram discípulos de Cristo
através da pregação dos discípulos originais obedecessem a tudo que Cristo havia ordenado aos apóstolos.
Para que pudessem fazer tudo que os 11 foram comissionados, cada discípulo comum
precisava ter a mesma autoridade e o mesmo poder procedentes de Cristo que os
apóstolos tinham.
Quaisquer que tenham sido os mandamentos e poderes que os
apóstolos receberam de Cristo, eles foram passados a todos os que creram no
Evangelho (ou seja, seus próprios discípulos), os quais, por sua vez, ensinaram
esses mandamentos aos seus conversos, e assim por diante, até o presente.
Portanto fica evidente que não somente uma classe especial de bispos,
arcebispos, cardeais, papas ou um Magistério, são sucessores dos apóstolos, mas todos os cristãos.
A
história da Igreja primitiva apresentada no Novo Testamento diz isso. Os
apóstolos obedeceram ao que Cristo mandou: fizeram discípulos aos milhares e
ensinaram a eles todos os mandamentos de Cristo; e o próprio Cristo, do céu,
capacitava seus novos discípulos para desempenharem esta grande comissão. Os
cristãos se multiplicaram e as igrejas foram estabelecidas em todo o Império
Romano.
Não havia catedrais. A igreja local se reunia nas
casas.
Não
havia catedrais. A igreja local se reunia nas casas. Sua liderança era um grupo
de anciãos piedosos, mais velhos e maduros na fé e que viviam vidas exemplares.
Não havia hierarquia, nem local ou tampouco sobre um território maior, que
tivesse de ser obedecida por causa de seu ofício ou título. Não havia classe
seleta de sacerdotes que possuísse autoridade especial para agir como
intermediária entre Deus e o povo. Isso se aplicava ao sacerdócio judaico, que
era uma sombra das coisas que haveriam de vir (Hebreus 7.11-28; 10.1-22) mas
tornou-se terrivelmente corrupto e teve seu fim no sacrifício feito na
cruz.
Todos os crentes foram encorajados a orar e profetizar
nas reuniões da Igreja. Paulo deixou isto bem claro: “Quando vos reunis [como Igreja], um tem salmo, outro, doutrina, este traz
revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito
para edificação. No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do
que dois, ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete...
Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se,
porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro [a fim de que o outro
fale]. Porque todos podereis profetizar um após
outro, para todos aprenderem e serem consolados... Portanto, meus irmãos,
procurai com zelo o dom de profetizar e não proibais o falar em outras línguas”
(1 Coríntios 14.26-40).
Não Havia uma Classe de Elite
Nenhuma das promessas de Cristo aos apóstolos foi
somente para eles ou para uma classe de elite. Por exemplo: “Se dois dentre vós, sobre a terra,
concordarem a respeito de qualquer coisa, que, porventura, pedirem, ser-lhes-á
concedida por meu Pai que está nos céus” (Mateus 18.19). “Tudo quanto pedirdes
em meu nome, isso farei...” (João 14.13) e novamente: “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele
vo-la concederá em meu nome” (João 16.23). Todos os cristãos que crêem na
Bíblia oram em nome de Cristo, embora a promessa tenha sido dada ao Seu círculo
íntimo de apóstolos. Todos os católicos tomam o pão e o vinho na missa, mesmo
que Cristo tenha dito a todos os apóstolos: “Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22.19).
Está
claro que tudo o que Cristo determinou a seus amigos mais chegados se aplicava a
todos os convertidos e a todos os cristãos de hoje. Isso quer dizer que se dois
cristãos concordarem sobre alguma coisa em oração esta lhes será concedida, ou
que tudo o que um cristão pedir ao Pai, em nome de Cristo, lhe será dado? Sim.
Então, por que nem toda oração é respondida? Todas elas são respondidas, mas
para algumas a resposta é “não” e para outras, “mais tarde”. O “nome” de Cristo
não é uma fórmula mágica, que, se adicionada à oração, assegura uma resposta
automática positiva. Pedir em Seu nome significa pedir como Ele pediria, para
Sua honra e glória, não para a nossa.
Nesse
ponto a Igreja tem decepcionado tremendamente os católicos sinceros. Cada oração
que um padre católico faz não é respondida automaticamente mais do que aquelas
feitas pelos católicos comuns, ministros protestantes ou leigos. Isso é obvio.
Ainda assim diz-se que um membro do clero católico tem um poder especial sobre
qualquer coisa que ele pronunciar usando o nome de Cristo – o que for ligado ou
desligado, ou o perdão de pecados – ocorre automaticamente. Não é assim. É
desonesto dizer que o desligamento do pecado (que não pode ser verificado)
ocorre a cada vez que o sacerdote o pronuncia, se desligar da doença ou do
débito (algo que pode ser verificado) raramente acontece quando ele pronuncia o
desligamento.
A
implicação é clara: qualquer coisa que se obtenha através da oração ao Pai em
nome de Cristo, ou qualquer graça obtida quando dois cristãos concordam, ligar e
desligar ou perdoar pecados, não acontecem automaticamente, pela mera expressão
de uma fórmula, mas é feito somente através de Cristo trabalhando por meio de
vasos escolhidos, quando, onde e como Lhe agrada.
Nenhuma dessas promessas era cumprida automaticamente, sob a
direção única de Pedro ou qualquer um dos outros apóstolos. Nem são concedidas
instantaneamente a um membro da Igreja Católica Romana ou de qualquer hierarquia
religiosa. Esses dogmas falsos têm posto aqueles que acreditam neles sob o poder
de Roma, levando-os a procurar num sacerdote aquilo que é a herança de todo
discípulo verdadeiro de Cristo.
Os Tiranos do Passado e o Magistério de Hoje
O grande apóstolo Paulo escreveu que desde que os
governantes civis não ordenem algo contrário à vontade Deus, todo cristão,
inclusive os próprios apóstolos, devem obedecer suas ordens (Romanos 13.1-7).
Devemos orar “pelos reis e por todos os que estãoinvestidos de
autoridade” (1 Timóteo 2.1-3). Todos os cristãos devem estar sujeitos
“aos que governam, às autoridades...” (Tito 3.1).
A submissão total que Roma exige tem sido expressa por muitos
papas, mas nenhum deles as expressou mais claramente do que Nicolau I
(858-867).
Paulo
escreveu aos cristãos: “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao
rei como soberano, quer às autoridades como enviadas por ele...” (1
Pedro 3.13-14). Os papas ensinaram
exatamente o contrário: que eles eram os supremos soberanos e que somente suas
leis deveriam ser obedecidas, inclusive pelos reis. A submissão total que Roma
exige tem sido expressa por muitos papas, mas nenhum deles as expressou mais
claramente do que Nicolau I (858-867):
É evidente que os papas não podem estar ligados nem tampouco sujeitos aos poderes terrenos, nem mesmo aos do apóstolo [Pedro], se ele voltasse à terra; desde que Constantino, o Grande, reconheceu que os pontífices representam o poder de Deus na terra, a divindade não pode ser julgada por nenhum homem. Somos, portanto, infalíveis, e quaisquer que sejam nossos atos, não precisamos prestar contas deles a ninguém mais do que a nós mesmos.[5]
Fica
claro, tanto na história como nos dogmas oficias da Igreja ainda vigentes, que
Nicolau não estava expressando apenas o seu fanatismo, mas a visão de todos os
papas, que acabou se tornando a doutrina católica. Conforme o Vaticano II, a
ninguém é permitido sequer questionar o Magistério em assuntos de fé e moral. Somente a
hierarquia pode interpretar a Bíblia, e os fiéis devem aceitar essa
interpretação como se fosse vinda do próprio Deus. Todos devem obedecer ao papa,
mesmo quando ele não fala ex
catedra. Tais exigências de fé cega são vestígios atuais da atuação
tirânica dos papas através dos séculos.
O Fracasso do “Primeiro Papa”
Se as
palavras de Cristo a Pedro em Mateus 16.18 fizeram dele o primeiro papa
infalível, então temos outro problema sério. As palavras seguintes na boca de
Pedro negam o cerne do Evangelho cristão ao declarar que Cristo não precisava ir
até a cruz: “...Tem compaixão de ti, Senhor; isso [a morte na cruz] de modo algum te acontecerá” (Mateus 16.22). Ao que o Senhor respondeu imediatamente:
“Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das
coisas de Deus, e sim das obras dos homens” (Mateus 16.23). Esta foi a primeira declaração ex catedra de Pedro a toda a Igreja (conforme registra
a Bíblia) em matéria de fé e moral (ela tem a ver com o meio de salvação) – e
não era infalível, mas pura heresia!
No próximo capítulo Pedro comete um erro sério, com
outro pronunciamento herético. Ele coloca Cristo no mesmo nível de Moisés e
Elias: “Senhor, bom é estarmos
aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra
para Elias” (Mateus 17.4).Desta vez é o próprio Deus quem censura, do céu,
o “novo papa”: “Este é o meu Filho
amado em quem me comprazo; a ele ouvi” (v. 5).
Mais
tarde, temendo por sua vida, Pedro nega, pragueja e jura não conhecer Jesus –
novamente uma declaração de “fé e moral” a toda a Igreja que nega o próprio
Cristo. Mesmo se os papas fossem seus sucessores, Pedro dificilmente poderia
ter-lhes passado uma infalibilidade que, obviamente, não
possuía.
Base Bíblica para a Infalibilidade?
Hans
Küng, teólogo católico contemporâneo, disse: “A principal prova citada pelo Vaticano
I para a infalibilidade papal, Lucas 22.32 (“Eu, porém, roguei por ti, para que a
tua fé não desfaleça”), jamais foi
usada, nem mesmo pelos canonistas medievais, para documentar esse dogma – o que
é correto. Nessa passagem Jesus não prometeu a Pedro que este não erraria mais,
porém deu-lhe a graça de perseverar na fé até o fim”.[6] Von Dollinger concorda
plenamente:
Todos conhecem a clássica passagem da Escritura sobre a qual o edifício da infalibilidade papal tem se escorado “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lucas 22.32). Essas palavras referem-se especificamente a Pedro, à sua negação de Cristo e sua conversão...
É totalmente contrário ao sentido original da passagem... encontrar nela uma promessa de infalibilidade futura a uma sucessão de papas... Até o final do século XVII nenhum escritor sonharia com tal interpretação; todos eles, sem exceção – num total de 18 – explicam-na apenas como uma oração de Cristo para que o seu apóstolo não sucumbisse e perdesse inteiramente a sua fé na prova que teria de enfrentar em breve.[7]
Muitos
outros eminentes historiadores e teólogos católicos poderiam ser citados do
mesmo modo. Peter de Rosa acrescenta sua própria visão:
De acordo com os Pais [da Igreja], Pedro não tinha sucessor algum. Eles viam todos os bispos como sucessores dos apóstolos, não um bispo sucedendo um apóstolo apenas, neste caso, Pedro. Logo, eles não poderiam sequer ter aceito a alegação de que “o sucessor de Pedro” deveria dirigir a Sé em Roma.
Também já vimos que todas as declarações de doutrina, especialmente os credos, não vieram dos papas, mas dos concílios. Nos primeiros séculos jamais ocorreu aos bispos de Roma que eles pudessem definir doutrinas para toda a Igreja.[8]
Pedras Instáveis
Depois
de ter prometido a Cristo na última ceia que preferia morrer a negá-lo, Pedro
fez exatamente o contrário. “Então,
começou ele a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem!” (Mateus 26.74). Essa é uma negação completa do próprio
Cristo e do cristianismo como um todo. Pedro era uma “pedra” muito instável para
Cristo ter construído sobre ele a sua Igreja! Porém seus supostos sucessores
foram culpados de coisas ainda piores.
Já
mencionamos uma porção deles. Consideremos brevemente mais um exemplo: o papa
Júlio II (1503-1513), sifilítico e infame mulherengo, pai de inúmeros bastardos.
Ele comprou sua posição no papado. Durante a Quaresma, enquanto os bons
católicos faziam dietas rigorosas, ele se deleitava com ricas iguarias. Usando
sua armadura, Júlio muitas vezes conduziu pessoalmente seus exércitos para a
conquista de cidades e territórios, com o objetivo de expandir os Estados
papais. Como poderia ser ele o vigário de Cristo, que afirmou que o Seu reino
não era deste mundo e que por isso os Seus súditos não lutariam? Dizer tal coisa
é zombar de Cristo e de Seus ensinos.
Sucessores de Imperadores
Lembre-se que nos primeiros tempos da Igreja a infalibilidade não
era atribuída ao bispo de Roma, mas ao seu superior, o imperador. O papa Leão I
(440-461), por exemplo, concedeu a um imperador incrédulo a mesma infalibilidade
que Pio IX persuadiu os membros do Vaticano I a declararem ter sido sempre o
poder exclusivo dos papas. Leão I disse: “Pela inspiração do Espírito Santo o
imperador não necessita de instrução humana e é incapaz de cometer erros
doutrinários”.[9]
O
rasgado louvor que transcrevemos a seguir soa como aquele que hoje é dado aos
papas, mas trata-se de um discurso de Eusébio, honrando o imperador pagão
Constantino depois que este assumiu a liderança da Igreja:
Deixemos, então, que apenas o Imperador... seja declarado digno... livre... estando acima da sede de riquezas, superior ao desejo sexual... que dominou as paixões que sobrecarregam o restante dos homens; cujo caráter é formado conforme o original divino do Supremo Soberano, e cuja mente reflete, como num espelho, a radiação de Suas virtudes. Além disso, o nosso imperador é perfeito em prudência, bondade, justiça, coragem, piedade, devoção a Deus...”[10]
Esse
louvor era apenas para o imperador, que o colocava acima do
bispo de Roma, o qual lhe era subordinado. Assim, Constantino chamou a si mesmo
“bispo dos bispos”. Hoje os papas que ostentam os títulos de
Constantino e desfrutam de suas regalias são seus legítimos sucessores e não os
sucessores de Pedro. O historiador Will Durant mostra que “durante a duração de
seu reinado, ele [Constantino] tratava seus bispos como auxiliares políticos; os
convocava, presidia seus Concílios e concordava em apoiar qualquer opinião que a
sua maioria formulasse”.[11]
A
doutrina nada significava para Constantino – apenas que os bispos deveriam
concordar com ele pelo bem da unidade imperial. Peter de Rosa cita um bispo do
século IV: “A Igreja [naquele tempo] fazia parte do Estado”. Ele continua
explicando:
Mesmo o bispo de Roma – que não foi chamado de “papa” por muitos séculos – era, em comparação [com Constantino], uma pessoa sem importância. Em termos civis, era um vassalo do imperador; em termos espirituais, quando comparado a Constantino, era um bispo de segunda classe...
Não o papa, mas ele [Constantino], assim como Carlos Magno mais tarde, era o cabeça da Igreja, sua fonte de unidade, diante de quem o bispo de Roma tinha de se prostrar e declarar lealdade. Todos os bispos concordavam que ele [o Imperador] era o “oráculo inspirado da sabedoria da Igreja”.
Portanto, era Constantino e não o bispo de Roma quem ditava o tempo e o local dos sínodos da Igreja e até mesmo estipulava como os votos seriam dados. Sem a sua aprovação, eles não seriam legalizados; ele era o único legislador do Império.[12]
A Herança Pagã do Papado
A idéia de um Concílio da Igreja foi inventada por
Constantino, o qual, apesar de sua professa “conversão” a Cristo, continuou
sendo pagão.
A
idéia de um Concílio da Igreja foi inventada por Constantino, o qual, apesar de
sua professa “conversão” a Cristo, continuou sendo pagão. Ele jamais renunciou à
sua lealdade aos deuses pagãos, jamais aboliu o altar pagão de Vitória, no
Senado, nem o das virgens Vestais; e o deus-Sol, não Cristo, continuou a ser
honrado nas moedas imperiais. Ele só foi batizado pouco antes de sua morte, e
mesmo assim, por Eusébio, um sacerdote ariano herege. Durant nos revela que
durante toda sua vida “cristã” Constantino usava tanto os ritos pagãos como os
cristãos e continuava a confiar em “fórmulas mágicas para proteger as colheitas
e curar doenças”.[13]
O fato
de Constantino ter assassinado todos os que pleiteavam o seu trono [notoriamente
seu filho Crispo, um sobrinho e um cunhado] é uma evidência ainda maior que sua
“conversão” ao cristianismo era, como têm sugerido os historiadores, uma astuta
manobra política. O historiador e padre católico Philip Hughes nos lembra: “Em
seus atos, ele [Constantino] permaneceu sendo até o final de sua vida o mesmo
pagão de sempre. Seus ataques de fúria, a crueldade que, uma vez despertada, não
poupava nem a vida de suas esposas e filhos, são... um desagradável testemunho
da imperfeição de sua conversão”.[14]
Os
três filhos “cristãos” de Constantino (Constantino II, Constâncio II e
Constanço), asseguraram, após a morte de seu pai, a posse de suas regiões
separadas do império depois de um massacre implacável da família. Eles
conseguiram levar a “cristianização” do Império a um patamar ainda maior. Foram
eles, (e não Pedro) os antecessores dos papas da atualidade.
Como
já foi dito, Constantino convocou, estabeleceu o que seria discutido, fez o
discurso de abertura e desempenhou um papel proeminente no primeiro Concílio
Ecumênico da Igreja, o Concílio de Nicéia, e também em uma porção de concílios,
assim como faria Carlos Magno, 500 anos depois. Tendo em vista que os
imperadores convocavam os concílios, não é de admirar que nenhum dos que foram
realizados nos primeiros 1000 anos tenha reconhecido o bispo de Roma como cabeça
da Igreja.
Cristo
exemplificou a humildade e serviço aos outros. Ele disse aos Seus discípulos:
“Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são
chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós
seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lucas 22.25-26). Esquecendo essa admoestação, os papas
imitaram os imperadores pagãos, de quem herdaram sua posição e
poder.
Cristo
também condenou a posição autoritária exercida pelos rabinos em Seus dias. Suas
palavras aos líderes da religião judaica são deveras apropriadas à hierarquia
católica romana:
“Amam o
primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações
nas praças e o serem chamados mestres pelos homens. Vós, porém, não sereis
chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A
ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que
está nos céus...
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram
belos, mas interiormente estão cheios de ossos de
mortos e de toda imundícia... por dentro, estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade” (Mateus 23.6-9;
27-28). (Dave Hunt - http://www.chamada.com.br)
Dave
Hunt (1926-2013). Devido a suas profundas
pesquisas e sua experiência em áreas como profecias, misticismo oriental,
fenômenos psíquicos, seitas e ocultismo, realizou muitas conferências nos EUA e
em outros países. Também foi entrevistado freqüentemente no rádio e na
televisão. Começou a escrever em tempo integral após trabalhar por 20 anos como
consultor em Administração e na direção de várias empresas. Dave Hunt escreveu
mais de 20 livros, que foram traduzidos para dezenas de idiomas, com impressão
total acima dos 4.000.000 de exemplares. Fonte: http://camposesantos.blogspot.pt/2013/07/o-papam-tem-as-chaves-do-ceu.html |
13/10/2013
O que a Igreja Católica diz sobre a Lei e o Sábado?
Introdução:
Faremos na introdução uma síntese de algumas das principais
questões que serão feitas aos católicos. Vejamos agora resumidamente como as autoridades católicas respondem a essas questões:
—> Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?
Sim, ensinamos a
divisão em Moral, Cerimonial e Judicial.
—> A Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estão vigentes para
o cristão?
Sim, pois são
eternos.
—> Há razões para
santificarmos o sábado?
Sim, há vários
motivos.
—> Que poder
arroga autoridade para mudar a Lei de Deus?
O papado.
—> Que
mandamento da Lei de Deus o papado cuidou em mudar?
Especificamente o
quarto mandamento.
—> A Igreja
Católica reconhece haver mudado o sábado?
Sim, reconhecemos.
—> As autoridades católicas reconhecem não haver
fundamento bíblico para a santificação do domingo?
Sim, reconhecemos não
haver base bíblica.
—> O papado roga o domingo como marca ou sinal de sua
autoridade eclesiástica e instituição exclusivamente católica?
Sim, a instituição
dominical deveria ser de exclusividade católica.
—> O que dizem os católicos quanto à observância do
domingo pelos protestantes?
Se os protestantes
seguissem a Bíblia, deveriam se tornar adventistas do sétimo dia. Ao
santificarem o domingo, estão reconhecendo nossa soberania e autoridade
eclesiástica sobre a cristandade.
Não sou eu quem diz isso, o que está escrito a preto é uma
síntese do que é declarado explicitamente em documentos oficiais da Igreja
Católica, os quais veremos a seguir em pormenor.
QUESTÕES AOS CATÓLICOS
1) O que é a Lei de Deus? O que são os Dez Mandamentos?
O Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, é quem fica responsável
por esta resposta. Vejamos o que diz:
“DECÁLOGO. Do grego ‘deka’ dez ‘logos’ razão, sentença. É o
conjunto dos Dez Mandamentos da Lei de Deus que, segundo a tradição bíblica,
foram comunicados por Jeová a Moisés, no Monte Sinai, esculpidos em pedra, que
os israelitas conservaram na Arca da Aliança. Ele é a explicitação mais
essencial à lei natural. (…) o Decálogo é a síntese mais perfeita de toda a
experiência moral e religiosa da humanidade. É o código mais simples e mais
fundamental sobre o qual, em última análise, repousam todas as legislações que
regulam o comportamento humano.” — Em “Pequena Enciclopédia de Moral e
Civismo”, p. 170.
Muitas pessoas pensam que o Decálogo foi dado apenas ao povo
de Israel, lá no Monte Sinai, e que não serve mais para o povo de Deus, na
atualidade. O que podemos pensar disso? Quem vai responder isso é o famoso
“Dicionário Enciclopédico da Bíblia”, organizado pelo Dr. A. Van Den Born, e
publicado pela “Editora Vozes Ltda”. (católica). Ele diz:
“O dom da lei de Deus, porém, e particularmente o do
decálogo não era destinado apenas para o Israel segundo a carne, mas também
para o ‘novo Israel’, que é a Igreja de Cristo. Por isso o decálogo é várias
vezes citado no Novo Testamento por Jesus e pelos apóstolos.” — Coluna 363.
Outra vez, a contribuição do Pe. Júlio Maria, no mesmo
livro:
“Deus escreveu os mandamentos em duas pedras como no-lo
indica a Bíblia. (…) Na primeira pedra estavam escritos os mandamentos que
indicam os nossos deveres para com Deus… e na segunda, estavam escritos os
nossos deveres para com os homens. (…) Os mandamentos da lei de Deus encontram-se
no Êxodo e no Deuteronómio (5:6-21).” — Op. cit., p. 86 e 95.
Muito esclarecedor este texto acima!
—> Deus escreveu em tábuas de pedra, os Dez Mandamentos;
—> A primeira tábua tem os deveres do homem para com
Deus; isto é, o “amar a Deus sobre todas as coisas”;
—> A segunda tábua tem os deveres do homem para com o
homem; isto é, “amar o próximo como a si mesmo”;
—> Os Dez Mandamentos se encontram, nas Sagradas
Escrituras, nos livros de Êxodo (capítulo 20) e de Deuteronómio (capítulo 5).
Conforme foi visto acima, esses teólogos e autoridades da
Igreja Católica têm a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima.
2) Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?
Às vezes, encontramos, nas Escrituras Sagradas, algumas
afirmações que parecem se contradizer. Uma hora ela fala que a lei é eterna e
não pode ser abolida; outra hora, que a lei passou. A que se deve essa aparente
confusão? Vamos atentar para o que escreveu o Pe. Júlio Maria, esclarecendo o
problema:
“Os preceitos do Antigo Testamento dividem-se em três géneros:
“1o. Os preceitos morais, que prescrevem aos homens os seus
deveres para com Deus e para com o próximo.
“2o. Os preceitos cerimoniais, que indicam os ritos
exteriores e as cerimónias que os judeus deviam seguir no culto divino.
“3o. Os preceitos judiciais, que determinam o modo de
administrar a justiça ao povo.
“Destes três géneros de preceitos, só o primeiro fica em pé,
integralmente; os outros preceitos só têm o valor que lhes comunica a palavra
de Jesus Cristo.
“A lei antiga, na sua parte cerimonial, era apenas uma
figura da nova lei, e é por isto que cessou, desde que foi promulgada a lei
nova.” — Em “Ataques Protestantes”, p. 96–97.
De tudo que está registado, fica mais do que claro que
esses documentos confessionais cristãos históricos, além de mestres de outras
confissões, admitem que existam pelo menos duas leis, dentre outras, das quais
fala a Escritura Sagrada:
—> Lei Moral — sumariada nos Dez Mandamentos, e
—> Lei Cerimonial — representada pelos sacrifícios e
ordenanças rituais para Israel.
Os preceitos morais
permanecem; os cerimoniais, eram uma figura, “sombra dos bens futuros”, e foram
substituídos pela Realidade: Cristo; e os judiciais, só existiram enquanto
havia a nação de Israel como uma teocracia (governada por Deus)! E os dez
mandamentos morais tratam do amor a deus e do amor ao próximo.
3) A Lei de Deus, os
Dez Mandamentos, estão vigentes para o cristão?
Quem responde a esta pergunta é o Frei Leopoldo Pires
Martins, OFM, no “Catecismo Romano”, onde lemos:
“Dentre as razões que movem o coração do homem a cumprir os
preceitos do Decálogo, sobressai, como o mais eficiente, o fato de ser Deus o
autor dessa mesma lei. (…) Estava essa luz divina quase ofuscada por maus
costumes e vícios inveterados entre os homens. Todavia, pela promulgação da Lei
de Moisés, Deus não trouxe uma luz nova, mas deu antes maior fulgor à
primitiva. É preciso explicar assim, para que o povo não se julgue livre do
Decálogo, quando ouve dizer que a Lei de Moisés está abrogada.
“Ainda mais. É absolutamente certo que não devemos cumprir
esses preceitos, por ser Moisés que os promulgou, mas por serem inatos em todos
os corações, e por terem sido explicados e confirmados por Cristo Nosso
Senhor.” — P. 399–400.
Aí está! Não só a “Santa Madre Igreja” crê que o Decálogo
está em vigor, mas incentiva a todos os fiéis para obedecê-los.
Também o já citado Padre Júlio Maria adiciona mais alguma
coisa ao que foi lido.
“Os mandamentos, com o ensino moral, são eternos porque são
a expressão da lei natural; e por isso Jesus Cristo não pode suprimi-los.” —
Op. cit., p. 98.
Também podemos encontrar a resposta a esta questão no
“Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã”, que diz o seguinte:
“Sim. Somos obrigados a observar os mandamentos da lei de Deus,
pois devemos respeitar a ordem que o Pai Celeste quis dar ao mundo. Basta pecar
gravemente contra um só deles para merecermos o inferno.” — P. 33–34
Depois de mostrarmos o pensamento no próprio catecismo
católico, precisaríamos citar mais alguma fonte para provar que todos os Dez
Mandamentos permanecem vigentes para os cristãos, segundo o ensinamento oficial
da Igreja Católica?
4) Há razões para santificarmos o sábado?
Outra vez, convidamos o Frei Leopoldo Pires Martins, OFM,
para responder:
“Este Preceito do Decálogo regula o culto externo, que
devemos a Deus. (…) Ora, como esse dever não pode ser facilmente cumprido,
enquanto nos deixamos absorver por negócios e interesses humanos, foi marcado
um tempo fixo, para que se possam comodamente satisfazer as obrigações do culto
externo. (…)
“O quanto aproveita aos fiéis respeitar este Preceito,
transparece do fato de que sua exata observância induz, mais facilmente, os
fiéis a guardarem os outros Preceitos do Decálogo.” — Em “Catecismo Romano”, p.
434–435.
O Frei Leopoldo responde, com muita propriedade, que o
mandamento do sábado rege o culto, e que os fiéis tornam-se mais fiéis a Deus,
quando praticam esse mandamento específico.
“O sábado era um dia sagrado, que seria profanado pelo
trabalho (Eze. 22:18). Conforme Êxodo 20:8-11 e 31:17 (mais um passo adiante) a
santidade do sábado era
uma santidade objetiva, devido à bênção de Deus, que no 7º
dia ‘descansou’ da Sua obra, a criação, pensamento esse que foi largamente
elaborado em Gén. 1:1-2:4a”. — Em “Dicionário Enciclopédico da Bíblia”, coluna
1340.
Outra contribuição bastante proveitosa de John Mckenzie:
“O sábado é profanado pelo exercício do comércio, e Neemias
fechava os portões de Jerusalém no sábado para impedir o comércio (Nee.
13:15-22). Carregar cargas viola o sábado (Jer. 17:21–27…) .” — Em “Dicionário
Bíblico”, p. 810.
Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos
religiosos católicos não concordam com a visão
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